O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) será recebido pela primeira vez pelo papa Leão XIV na próxima segunda-feira (13), no Vaticano. A informação foi confirmada neste sábado (11) pelo Itamaraty e pela Sala de Imprensa da Santa Sé. O encontro ocorrerá durante a viagem de Lula a Roma para participar da Semana Mundial da Alimentação da FAO e inaugurar a sede do secretariado da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, criada pelo Brasil no âmbito do G20.
De acordo com o governo brasileiro, Lula aproveitará a visita para reforçar o convite para que o pontífice venha ao Brasil durante a COP do Clima, marcada para novembro em Belém. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, já havia feito o convite oficialmente há duas semanas. Temas como paz no Oriente Médio, guerra na Ucrânia e combate à fome devem estar no centro da pauta.
A reunião ocorre poucos dias depois de o papa Leão XIV, o primeiro pontífice americano da história, publicar seu primeiro documento oficial, uma exortação apostólica sobre pobreza e desigualdade. No texto, o papa fez críticas diretas às políticas migratórias do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e pediu que a Igreja “construa pontes onde o mundo ergue muros”.
Leão XIV destacou que a rejeição a imigrantes fere os princípios cristãos e apelou à Conferência Episcopal dos EUA para se manifestar contra deportações e discursos de ódio. “A Igreja, como mãe, acompanha aqueles que caminham. Onde o mundo vê ameaças, ela vê crianças”, escreveu o pontífice em um dos trechos do documento.
O texto de 104 páginas foi iniciado ainda por Francisco, morto antes de concluí-lo. Leão XIV afirmou ter “tornado o projeto seu”, acrescentando reflexões sobre desigualdade social e a necessidade de uma nova ética global para o acolhimento de refugiados e migrantes. A publicação consolidou o tom progressista de seu pontificado e ampliou o contraste com a linha política defendida por Trump.
A visita de Lula ao Vaticano reforça a aproximação do governo brasileiro com a agenda social e ambiental da Santa Sé. O presidente pretende discutir parcerias em projetos de combate à fome e sustentabilidade global, além de temas humanitários. O encontro marca o início de um novo diálogo entre o Brasil e o novo papa, que tem adotado postura firme em defesa dos direitos humanos e da solidariedade internacional.