Da Série Bíblica: Samuel 17 – Lula versus Bozo. Por Miguel Paiva

Atualizado em 30 de agosto de 2021 às 22:16
Lula versus Bozo -(Foto: Miguel Paiva)

Os fascistas juntaram suas forças para a guerra e se reuniram em São Paulo. Acamparam na Avenida Paulista, entre o Masp e a Fiesp. Lula e os democratas reuniram-se e acamparam no vale do Anhangabaú, posicionando-se em linha de batalha para enfrentar os bolsonaristas radicais.

Um miliciano chamado Bozo, que era de Rio das Pedras, veio do acampamento fascista. Tinha dois metros e noventa centímetros de altura. Ele usava um capacete de motoqueiro e vestia uma couraça de escamas de bronze que pesava sessenta quilos,nas pernas usava caneleiras de bronze e tinha um fuzil AR-4 pendurado nas costas. Seu fiel escudeiro, Roberto Jefferson, ia à frente dele.

Bozo parou e gritou às tropas democratas: “Por que vocês estão se posicionando para a batalha? Escolham um homem para lutar comigo. Se ele puder lutar e vencer-me, nós seremos seus escravos; todavia, se eu o vencer e o puser fora de combate, vocês serão nossos escravos e nos servirão”.

Durante quarenta dias o fascista aproximou-se, de manhã e de tarde, e tomou posição.

Levantando-se de madrugada, Lula deixou o rebanho com outro pastor, pegou a carga e partiu, conforme lhe haviam ordenado. Chegou ao acampamento na hora em que, com o grito de batalha, os militantes estavam saindo para suas posições de protesto. Democratas e fascistas estavam se posicionando em linha de confronto, frente a frente. Lula deixou o que havia trazido com o responsável pelos suprimentos e correu para a linha de batalha para saber como estavam seus irmãos. Enquanto conversava com eles, Bozo, o guerreiro miliciano de Rio das Pedras, avançou e lançou seu desafio habitual; e Lula o ouviu.

Os democratas diziam entre si: “Vocês ouviram as ameaças de golpe? Será dia 7 de setembro. Ele veio desafiar a democracia. Quem o vencer recolocará o Brasil na rota da democracia e do desenvolvimento social e cultural.

Lula perguntou aos manifestantes que estavam ao seu lado: “O que receberá o homem que derrotar esse fascista e salvar a honra do Brasil?”

Repetiram a Lula o que haviam comentado e lhe disseram: “É isso que receberá o homem que derrotá-lo, a reconstrução da democracia”. Quando um outro militante ouviu Lula falando com os manifestantes, ficou muito irritado com ele e perguntou: “Por que você veio pra rua? Sua segurança está em perigo e um banho de sangue pode acontecer”. E disse Lula: “O que fiz agora? Será que não posso nem mesmo conversar? Não podemos nos deixar vencer pelo medo. Ninguém deve ficar com o coração abatido por causa desse fascista; este brasileiro irá e lutará com ele”.

Um velho político que estava ouvindo disse: “Você não tem condições de lutar contra esse miliciano; você é apenas um metalúrgico, e ele é um guerreiro desde a mocidade”.

Lula, entretanto, disse ao ancião: “Este teu servo toma conta das ovelhas de seu pai. Quando aparece um leão ou um urso e leva uma ovelha do rebanho, eu vou atrás dele, dou-lhe golpes e livro a ovelha de sua boca. Quando se vira contra mim, eu o pego pela juba e lhe dou golpes até afugentá-lo. Teu servo pôde matar um leão e um urso; este fascista será como um deles, pois desafiou a Constituição e a Democracia. Quem me livrou das garras do leão e das garras do urso me livrará das mãos desse usurpador”. Diante disso o velho político disse a Lula: “Vá, e que o povo esteja com você”.

O velho político vestiu Lula com seu próprio uniforme, colocou-lhe uma armadura e lhe pôs um capacete de bronze na cabeça. Lula prendeu sua espada sobre a roupa e tentou andar, pois não estava acostumado com aquilo.

E disse: “Não consigo andar com isto, pois não estou acostumado”. Então tirou tudo aquilo e em seguida pegou seu cajado, colheu se um saco cinco feijões bem pretos, colocou-os na bolsa, isto é, no seu alforje de pastor, e, com sua atiradeira na mão, esperou pelo fascista. O fascista, com seus milicianos à frente, vinha se aproximando de Lula. Olhou para ele com desprezo, viu que era só um senhor grisalho, com belas coxas e de boa aparência, e fez pouco caso.

Lula, porém, disse ao fascista: “Você vem contra mim com facas, com fuzis e com pistolas, mas eu vou contra você em nome do povo, a quem você desafiou. Todos os que estão aqui saberão que não é por faca ou por fuzil que o Senhor concede vitória; pois a batalha é do Senhor, e ele entregará todos vocês em nossas mãos”. Quando o miliciano começou a vir na direção de Lula, este correu para a linha de batalha para enfrentá-lo. Empunhando a atiradeira disparou os cinco caroços de feijão que atingiram o fascista na testa, de tal modo que ele ficou atordoado e caiu, dando com o rosto no chão. O sangue que escorreu formou cinco palavras e todos puderam ler, Justiça, Moradia, Saúde, Cultura e Trabalho Assim Lula venceu o fascista com uma atiradeira e cinco caroços de feijão.

Quando os fascistas viram que o seu guerreiro estava derrotado, recuaram e fugiram. Perderam os argumentos e seu líder. Prometeram vingança, mas agora teriam que respeitar as regras da convivência democrática. Os manifestantes seguidores de Lula festejaram pelas ruas e o 7 de setembro acabou sendo novamente uma festa de independência.

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Filho do Brasil

Logo que Lula voltou, depois de ter derrotado o fascista, o velho político lhe perguntou:

“De quem você é filho, meu companheiro?”

Respondeu Lula: “Sou filho do Brasil”.

(Texto originalmente publicado em JORNALISTAS PELA DEMOCRACIA)