
O presidente Lula chegou neste domingo (20) a Santiago, no Chile, para participar do encontro “Democracia Sempre”, que reunirá chefes de Estado progressistas para discutir estratégias contra o avanço global do extremismo e da desinformação.
A reunião, marcada para segunda-feira (21), será realizada no Palácio La Moneda, sede do governo chileno, e contará com a presença de Gabriel Boric (Chile), Gustavo Petro (Colômbia), Yamandú Orsi (Uruguai) e Pedro Sánchez (Espanha). O encontro ocorre em meio à crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos após o tarifaço imposto por Donald Trump a produtos brasileiros.
O governo Lula pretende tratar no encontro sobre o uso de tarifas como arma política por Trump, que condicionou a retirada de sanções econômicas ao fim de investigações judiciais que envolvem Jair Bolsonaro.
O Palácio do Planalto enxerga a ofensiva americana como uma tentativa explícita de ingerência na soberania brasileira e um ataque ao próprio regime democrático do país. O Brasil também busca apoio para regulamentar o funcionamento das redes sociais e criar regras internacionais para a inteligência artificial, temas que preocupam pela capacidade de fomentar o extremismo político.

Além de discutir o enfrentamento à extrema direita e às fake news, os líderes progressistas vão propor soluções para o fortalecimento do multilateralismo e a redução das desigualdades sociais, pilares apontados como essenciais para conter o avanço do radicalismo. A diplomacia brasileira teme que as eleições presidenciais de 2026 possam ser contaminadas por interferências externas via manipulação digital, favorecendo o retorno da extrema direita ao poder.
O evento no Chile é uma continuidade dos debates iniciados por Lula e Sánchez na Assembleia-Geral da ONU em 2024. Na época, o presidente brasileiro alertou que o avanço da ultradireita é consequência de uma crise democrática mundial e que “recuar não apazigua ânimos violentos”. O objetivo agora é criar uma resposta coordenada e permanente entre os países que defendem valores democráticos, justiça social e governança global responsável.
As propostas debatidas em Santiago serão levadas à 80ª Assembleia-Geral da ONU, em setembro, em Nova York. A expectativa é reunir líderes de outros países além do campo progressista, para fortalecer um pacto global em defesa da democracia.
Mesmo sem confirmação de uma declaração específica sobre Trump, o governo brasileiro espera que o encontro consolide um eixo de resistência política à ofensiva autoritária e econômica do atual governo dos Estados Unidos.