Macri mostra como teria sido ruim eleger Aécio. Por Carlos Fernandes

Atualizado em 29 de janeiro de 2016 às 21:24
O Aécio deles: Macri
O Aécio deles: Macri

Eleanor Roosevelt, a mulher do presidente americano Franklin Delano Roosevelt, uma vez disse que devemos aprender com os erros dos outros, já que não conseguimos viver tempo suficiente para cometer todos por nós mesmos.

É, de fato, um conselho admirável. Partindo dessa ótica, o povo argentino nos deu uma valiosa oportunidade para aprendermos com os seus erros e suas consequentes desventuras.

A vitória de Maurício Macri, o Aécio Neves hermano, está nos mostrando – na verdade nos rememorando uma vez que já amargamos 8 anos de FHC – as consequências de eleger um candidato cuja sensibilidade social simplesmente inexiste.

A sua arrogância e falta de interesse pelo diálogo ficaram evidentes antes mesmo de assumir o cargo, quando simplesmente se recusou a receber a faixa e o bastão presidenciais no Congresso Nacional.

O episódio, segundo a empresa argentina, foi tido simplesmente como uma novela vergonhosa e que acabou por impor ao país a aberração jurídica de três presidentes em menos de 24 horas.

Seria o caso de apenas um mau começo se não fossem as suas primeiras medidas econômicas. Ao decretar o fim do controle cambial criado em 2011, o peso argentino sofreu uma desvalorização em relação ao dólar de mais de 40% em questão de dias.

A inflação, que já era um problema grave no país, sofreu um duro impacto quando os preços dos bens e matérias-primas importadas foram parar na estratosfera. Tudo isso aliado ao arrocho salarial que ele decretou.

Se na economia a sua atuação já se revelava desastrosa, no campo da democracia não foi melhor. Numa medida autoritária e antidemocrática, designou, sozinho, dois juízes para compor a Suprema Corte.

Com todo esse histórico, não demorou para que os argentinos saíssem às ruas para protestar contra o presidente que eles mesmos elegeram como resposta ao governo “bolivariano” de Cristina Kirchner.

Não sei se ficou caracterizado como um recorde mundial, mas exatos oito dias após Macri ter tomado posse como presidente da República, milhares de pessoas foram para a frente do Congresso denunciar os seus desmandos.

Se a intenção com o protesto foi tentar conter a sua pauta grotesca, o resultado foi nulo. A mais nova investida do “libertador” argentino foi acabar com o subsídio estatal sobre a energia e o gás.

Com mais esse decreto a população irá receber um aumento que gira em torno de 300% na sua conta de luz. Alguns especialistas apostam que em alguns casos o aumento possa chegar em até 600%.

Não tenho, em absoluto, autoridade alguma para saber o que é melhor para a Argentina e para o seu povo. Isso somente eles próprios podem afirmar. Mas desconfio seriamente que muitos que votaram em Macri já sintam muita saudade do “Kirchnerismo”.

E o governo Macri ainda não completou nem dois meses.