Macron decreta novo lockdown nacional na França e fecha escolas. Por Silvano Mendes

Atualizado em 31 de março de 2021 às 17:18
O presidente francês Emmanuel Macron durante discurso no qual anunciou novas medidas de luta contra a pandemia nessa quarta-feira, 31 de março. © RFI/Captura de vídeo

Originalmente publicado em RFI

Por Silvano Mendes

O presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou na noite desta quarta-feira (31) novas medidas para tentar conter a pandemia de Covid-19. Além de estender as restrições atualmente em vigor em parte do país para todo a França metropolitana, o chefe de Estado decidiu fechar as escolas e creches durante três semanas.

Pouco mais de um ano após o primeiro lockdown na França, Emmanuel Macron explicou durante o discurso televisivo que, apesar dos esforços feitos pela população até agora, o vírus continua avançando no país, o que obrigou o governo a impor novas medidas.

A partir da próxima semana o comércio não essencial será fechado em todo o país. Segundo o ministério francês da Economia, cerca de 150 mil estabelecimentos comerciais deverão baixar suas portas.

Também haverá restrições para deslocamentos além do perímetro de 10 km em volta da residência e o toque de recolher a partir das 19h será mantido.

Mas a decisão mais importante diz respeito ao funcionamento das escolas e creches. Macron lembrou que a França faz parte dos “raros países” que decidiram manter os estabelecimentos escolares abertos durante boa parte da pandemia. “Nossas crianças precisam continuar aprendendo”, disse o presidente francês.

No entanto, diante do avanço do surto, inclusive entre os mais jovens, o chefe de Estado decidiu que as creches e escolas de primeiro e segundo grau serão fechadas durante três semanas, a partir da próxima segunda-feira (5).

O programa escolar não deve ser afetado. Durante a primeira semana, os alunos assistirão aulas à distância. Em seguida, eles estarão oficialmente em férias entre 12 e 26 de abril, pois o governo decidiu antecipar o recesso de primavera (no hemisfério norte), previsto para o final do mês. Já as universidades continuarão funcionando, com apenas um dia de aula presencial por semana.

Macron explicou que os pais que tiverem que ficar em casa para cuidar dos filhos durante esse período vão beneficiar do mesmo sistema de remuneração implementado durante a primeira onda da pandemia, em abril de 2020. Na época, quem não podia trabalhar por essa razão continuava recebendo cerca de 80% do salário.

“Eu sei como os esforços que eu peço são difíceis”, disse o presidente. “Vocês sabem que fizemos tudo para tomar essas decisões o mais tarde possível”, completou.

O chefe de Estado também chamou atenção para o feriado de Páscoa, que se aproxima, e pediu que a população não baixe a guarda. “Conto com vocês para evitar reuniões privadas e festas com amigos e conhecidos. É durante essas ocasiões que nos contaminamos mais. É preciso fazer um esforço para nos proteger e proteger os outros”, disse o presidente.

Reabertura de locais culturais e vacinação

Em uma tentativa de otimismo, Macron anunciou que, se tudo der certo, em meados de maio alguns locais culturais poderão ser reabertos. Em seguida, um calendário começará a ser organizado aos poucos para que, entre maio e julho, outras atividades esportivas e de lazer, como eventos, cafés e restaurantes, voltem a funcionar.

O presidente também falou sobre a campanha de vacinação no país, criticada por sua lentidão. “A cada etapa da pandemia podemos dizer que poderíamos ter feito melhor, que cometemos erros. Tudo isso é verdade”, reconheceu o chefe de Estado.

O presidente prometeu uma aceleração na vacinação, que deve continuar priorizando idosos e pessoas com problemas de saúde. Mas o objetivo é fazer tudo para que “daqui até o verão (em julho e agosto no hemisfério norte), todos os maiores de 18 anos que quiserem se vacinar sejam vacinados”.

Macron também disse que a produção de imunizantes no bloco europeu será intensificada. “Vamos nos tornar o primeiro continente no mundo em produções de vacinas”, anunciou.