Madureira, Huck, Globo e a síndrome do canalha que finge não saber que Temer e Aécio eram bandidos. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 21 de maio de 2017 às 11:12
Eles

Não sei quem é o autor da frase “o Brasil é uma concessão da Globo” (Clarice Lispector? Clara Nunes?), mas o gênio merecia sair do anonimato para ganhar um Motorola.

O editorial em que o jornal dos Marinhos defende a renúncia de Temer é um primor de desfaçatez e hipocrisia.

Os diálogos entre Michel e Joesley Batista, dono da JBS, “falam por si e bastariam para fazer ruir a imagem de integridade moral que o presidente tem orgulho de cultivar.”

Depois: “Nenhum cidadão, cônscio das obrigações da cidadania, pode deixar de reconhecer que o presidente perdeu as condições morais, éticas, políticas e administrativas para continuar governando o Brasil.”

A renúncia é a saída. “Fazer isso, além de contribuir para a perpetuação de práticas que têm sido a desgraça do nosso país, não apressará o projeto de reformas de que o Brasil necessita desesperadamente”, lê-se.

“Será, isso sim, a razão para que ele seja mais uma vez postergado. Só um governo com condições morais e éticas pode levá-lo adiante.”

Em resumo: Temer não entregou a rapadura. O dinheiro da publicidade oficial não paga o que a Globo, porta-voz do empresariado, perdeu com ele por motivos diversos.

Tem que sair.

De resto, o texto chama os brasileiros de trouxas, uma especialidade do grupo. Temer jamais teve “as condições morais, éticas, políticas e administrativas”.

Sempre atuou nas sombras, rapinando dinheiro público com sua gangue. Não era incomodado por uma razão simples: por não ser do PT.

Sentia-se à vontade para receber no Jaburu um empresário corrupto por causa da blindagem que tinha da mídia. O mesmo vale para Joesley.

“Ainda bem que eu tenho uma boa relação com a imprensa e consegui rapidamente… aquietou. Foi um dia, dois e parou”, contou ele ao amigo MT, referindo à delação de Alexandre Margotto, ligado a Lúcio Bolonha Funaro, operador de Eduardo Cunha.

Em fevereiro, Joesley foi acusado por Margotto de participar de um esquema na Caixa Econômica com Geddel Vieira Lima.

A Globo tinha ciência da bandidagem de Temer como da de Aécio.

Essa conversa mole é tão abjeta quanto a do ex-Casseta Marcelo Madureira, uma versão obesa, idosa e carioca de Danilo Gentili.

Madureira fez campanha para Aécio. Num dos momentos mais patéticos numa longa série, jogou bola com o tucano e fez uma foto ilustrando um texto sabujo.

“Vocês não imaginam o tamanho da minha decepção, da minha desilusão política. Eu fui iludido, fui enganado”, disse Madureira na Jovem Pan.

Ora. Madureira não é lá muito brilhante — mas não tinha ouvido falar de Andrea Neves, do aeroporto em Cláudio, do Helicoca, da perseguição aos jornalistas mineiros etc etc?

E Huck, que tenta apagar de suas redes as fotos de décadas de convivência com Aécio?

Que tipo de idiotas ele querem convencer?

Idiotas como eles. Aécio e Temer só foram possíveis graças a uma imprensa tão canalha quanto a dupla, sócia de seus malfeitos, e à ajuda dos amigos.

Se 10% do tempo dedicado a massacrar Lula servisse para que matérias corretas fossem feitas a respeito desses bandidos, não estaríamos no caos.