
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, enviou cartas a países aliados pedindo apoio militar diante da crescente presença das Forças Armadas dos Estados Unidos no Caribe. Segundo documentos obtidos pelo The Washington Post, o líder venezuelano procurou Rússia, China e Irã em busca de reforços defensivos, incluindo radares, manutenção de aeronaves e até fornecimento de mísseis.
A movimentação ocorre em meio a uma escalada de tensão entre Caracas e Washington, que enviou navios e aviões à região sob o argumento de combater o narcotráfico. De acordo com o jornal, o pedido a Moscou foi encaminhado diretamente ao presidente Vladimir Putin e deveria ser entregue por um assessor sênior durante visita à capital russa neste mês.
A Venezuela, que enfrenta sérios problemas de infraestrutura militar, teme uma intervenção norte-americana. A reportagem do Wall Street Journal reforçou o clima de alerta, afirmando que o governo de Donald Trump avalia bombardear instalações venezuelanas suspeitas de abrigar operações ligadas ao tráfico.
Embora o republicano tenha negado publicamente planos de ataque, fontes militares americanas confirmaram que alvos estratégicos, como portos e bases aéreas controladas por militares venezuelanos, foram mapeados. Analistas veem o envio do maior porta-aviões do mundo para o Caribe como um sinal de que os EUA estão dispostos a usar força militar contra o regime de Maduro.
Segundo especialistas, a movimentação indica que Washington quer aumentar a pressão e possivelmente forçar uma mudança de governo em Caracas. Em resposta, Maduro classificou as ações dos EUA como uma tentativa de “provocar uma guerra maluca” e reforçou a defesa costeira.

No último sábado (25), as Forças Armadas venezuelanas realizaram exercícios militares no litoral, simulando a resistência a possíveis “operações encobertas”. O governo também intensificou o discurso de denúncia contra o que chama de “estratégia imperialista” de Washington.
As tensões entre os dois países se agravaram desde agosto, quando os EUA aumentaram sua presença militar no sul do Caribe. Segundo o Washington Post, a Venezuela tem acompanhado com preocupação o deslocamento de caças, bombardeiros, drones e embarcações norte-americanas.
Caracas vê o avanço como parte de uma ofensiva coordenada pela Casa Branca, que teria o objetivo de enfraquecer o regime bolivariano e expandir o controle sobre as reservas de petróleo do país, as maiores do mundo. O cientista político Maurício Santoro, do Iuperj, afirmou que a situação representa um risco real de conflito armado.
“Estamos na iminência de um ataque de larga escala. Se isso ocorrer, será a primeira vez que os Estados Unidos atacam militarmente um país da América do Sul”, alertou. Apesar disso, Washington sustenta que suas operações têm caráter exclusivamente antidrogas.
A Venezuela, por sua vez, busca apoio internacional para conter o cerco. Além de Rússia, China e Irã, o governo Maduro tenta mobilizar aliados regionais na América Latina para denunciar o que chama de “intervenção disfarçada”. O Palácio de Miraflores insiste que o envio de tropas norte-americanas representa uma violação da soberania nacional.