Maduro volta atrás e restabelece luz na embaixada da Argentina após impasse

Atualizado em 8 de setembro de 2024 às 18:48
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. Imagem: Reprodução.

O cerco das forças venezuelanas à embaixada argentina em Caracas foi significativamente reduzido neste domingo (8), informou o Itamaraty ao UOL. Os homens encapuzados que estavam no local foram removidos, e a eletricidade foi restabelecida, embora ainda haja controle sobre o acesso à rua da embaixada.

Essa redução coincide com a saída de Edmundo González – opositor político que buscou asilo na Espanha após passar seis semanas escondido na embaixada da Holanda em Caracas – do país.

O cerco foi considerado uma ação provocativa criada pelo presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. No último sábado (7), o governo venezuelano revogou a autorização que permitia ao Brasil assumir a administração da embaixada argentina. O Brasil argumentou que tal revogação não pode ser feita unilateralmente e continuará responsável pela embaixada até que um novo acordo seja estabelecido.

A crise começou após Maduro expulsar diplomatas argentinos em julho, em resposta às alegações de fraude nas eleições venezuelanas feitas pelo governo de Javier Milei. Autoridades brasileiras assumiram, então, a administração da embaixada argentina, assim como fizeram com a embaixada do Peru – e colocaram até uma bandeira verde e amarela no local. No entanto, Maduro também violou esse acordo, intensificando a crise diplomática.

O Brasil pediu que a embaixada não fosse invadida, mas a continuidade do cerco e o corte de eletricidade geraram dúvidas sobre a disposição de Maduro em cumprir qualquer acordo. Como ainda conta o UOL, o governo venezuelano afirmou, em nota, que decidiu revogar a custódia brasileira da embaixada da Argentina em Caracas por ter “provas” de que o local está sendo usado para planejamento de atos “terroristas” e de “tentativas” de assassinato contra ele e seu vice, Delcy Rodríguez. Essas provas ainda não foram apresentadas.

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), convocou uma reunião de emergência para discutir a crise entre os dois países e buscar uma alternativa política ainda neste domingo. A esperança da presidência era de que o Brasil pudesse liderar a oposição e o regime de Maduro num diálogo. Mas a decisão unilateral de Caracas de romper o acordo com o Brasil para preservar a embaixada da Argentina foi considerada um sinal claro de ruptura entre os países.