
Peritos apontam que as investigações sobre a máfia dos combustíveis podem atingir do Centrão ao governo, conforme informações do colunista Lauro Jardim, do Globo.
As operações Carbono Oculto, Square, Tank e Quasar expõem vínculos entre o setor de combustíveis, o PCC e o mercado financeiro, elevando o risco político do caso.
A delação premiada de Roberto Leme da Silva, o Beto Louco, um dos líderes das fraudes, é considerada possível. Uma força-tarefa com seis juízes, três federais e três da Justiça de São Paulo, conduz as ações para avançar sobre empresários, operadores e eventuais agentes públicos.
Desdobramentos
Em setembro, a Receita Federal informou que empresas ligadas ao PCC movimentaram mais de R$ 1 bilhão entre 2020 e 2024 no âmbito da Operação Spare, desdobramento da “Operação Carbono Oculto”, de agosto. O alvo central atua há mais de 20 anos no mercado de combustíveis paulista.
Segundo a Receita, o grupo usava postos de combustíveis, motéis e empresas de fachada para lavar dinheiro e ocultar patrimônio, inclusive por dinheiro vivo e transações em maquininhas de fintechs. Com os valores, foram comprados um iate de 23 metros, dois helicópteros, um Lamborghini Urus de R$ 4 milhões e terrenos avaliados em R$ 20 milhões.

Foram detectados mais de 60 motéis em nome de laranjas que movimentaram cerca de R$ 450 milhões e indícios de lavagem em 21 CNPJs ligados a 98 estabelecimentos de uma única rede de franquias. As empresas emitiram apenas R$ 550 milhões em notas e pagaram R$ 25 milhões em tributos federais, com lucro estimado em R$ 90 milhões, além de 14 prédios residenciais em Santos em 2010 com R$ 260 milhões e aumento de R$ 120 milhões no patrimônio declarado de familiares do principal alvo. A estrutura foi mapeada a partir da concentração de empresas sob um prestador que formalmente controlava cerca de 400 postos.
O MP-SP cumpriu mandados de busca e apreensão em São Paulo, Santo André, Barueri, Bertioga, Campos do Jordão e Osasco, incluindo endereço na Avenida Paulista e local apontado como sede da Athena Intermediações. As apurações identificaram a fintech BK Bank no fluxo dos valores; o empresário Flávio Silvério Siqueira, o Flavinho, é o principal alvo e 267 postos ativos movimentaram R$ 4,5 bilhões entre 2020 e 2024 com recolhimento de R$ 4,5 milhões.