Maia colocou no Moro no devido lugar e é improvável que o ex-juiz reaja: no jogo de Brasília, ele perdeu importância

Atualizado em 21 de março de 2019 às 8:12
Moro

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, colocou Sergio Moro no seu devido lugar.  Moro não é mais o juiz a que (quase) todos prestavam reverência mesmo depois de tomar decisões excepcionais, fora do direito, e não ser contido pelas cortes superiores, dado o apoio que contava na mídia.

Ele já não conta mais com esse apoio, porque há outros interesses em jogo. Sua missão, a de criar o ambiente para derrubar Dilma Rousseff e depois ele próprio condenar Lula sem provas, já está cumprida.

Os olhos da velha imprensa estão voltados agora para a reforma da Previdência e, nesse aspecto, Rodrigo Maia vale muito mais do que o ex-juiz.

Por isso, Moro apanhou sozinho depois que se atreveu a criticar a decisão do presidente da Câmara dos Deputados de adiar a tramitação de seu projeto de segurança — na verdade um projeto eleitoral, “copia e cola”, como disse Rodrigo Maia.

Moro, provavelmente, vai ficar calado.

Como ele já não tem a caneta de juiz, reagiria como?

Se entrasse em uma briga aberta com Rodrigo Maia, correria o risco de ser repreendido por Bolsonaro, cuja sobrevida depende da reforma da Previdência, que está nas mãos do presidente da Câmara.

Pela primeira vez, Moro se vê diante do espelho, colocado por Maia.

Agora pode ver qual é seu real tamanho, sua importância de fato: Moro é uma peão no jogo em que o papel de rainha cabe a Bolsonaro.

O poder do ex-juiz depende da vontade do capitão aposentado.

Ele já deveria saber disso.

Tinha sido enquadrado quando nomeou para um conselho do Ministério da Justiça a especialista não aprovada por Olavo de Carvalho.

Recuou.

E continuará recuando.

O poder de Moro estará na capacidade de influência para nomear ministros e desembargadores. Mas, mesmo nessa seara, é provável que não consiga muita coisa.

Não é preciso ser nenhum grande analista de política para ver no brilho dos olhos do ex-juiz a ambição para ocupar o lugar que é de Bolsonaro.

E, nesse sentido, o capitão da reserva teria que ser burro demais para alimentar um potencial adversário. Depois de apanhar de Olavo de Carvalho e agora de Maia, Moro vai acabar caindo na real.

É só olhar para o espelho que lhe foi colocado e constatar que a farsa de super herói, construída na fraude da Lava Jato, não duraria para sempre.