Maioria dos deputados quer Bolsonaro fora das eleições de 2026, diz Quaest

Atualizado em 2 de julho de 2025 às 15:36
Jair Bolsonaro durante julgamento no Supremo / Crédito: Antonio Augusto/STF

O novo levantamento Genial/Quaest, divulgado nesta quarta-feira (3), mostra que mais da metade dos deputados federais ouvidos acredita que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) deveria desistir da candidatura à Presidência da República em 2026. Mesmo inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o réu por tentativa de golpe de Estado mantém a retórica de que disputará o pleito e evita indicar oficialmente um sucessor. A pressão para que ele abra mão da disputa, no entanto, cresce até entre seus ditos aliados.

Segundo a pesquisa, 51% dos parlamentares ouvidos consideram que o ex-presidente deveria deixar a corrida eleitoral. Apenas 23% defendem sua permanência como candidato.

Quando o recorte se restringe à oposição, o apoio é maior, mas ainda dividido: 49% defendem a candidatura de Bolsonaro, enquanto 47% acreditam que ele deveria abrir espaço para outro nome. Entre os deputados considerados independentes, 65% são favoráveis ao afastamento definitivo do ex-presidente da disputa.

Apesar do discurso público do PL, a percepção entre os parlamentares é de que Bolsonaro dificilmente será o nome da oposição em 2026. Apenas 13% dos deputados ouvidos acreditam que ele estará na urna contra Lula.

Já o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), é apontado como provável cabeça de chapa por 49% dos entrevistados, um crescimento de dez pontos percentuais em relação à mesma pesquisa feita em 2024.

Tarcísio de Freitas, governador de SP. Foto: reprodução

Entre os deputados que se identificam como oposição, 56% avaliam que Tarcísio será o nome lançado pela direita em 2026. Outros 32% ainda apostam em Bolsonaro. O avanço de Tarcísio reflete sua movimentação discreta, mas constante, no cenário nacional.

O governador paulista evita confrontos diretos com o Supremo Tribunal Federal (STF) e tem mantido distância estratégica de polêmicas envolvendo o ex-presidente.

No campo governista, a aposta majoritária é pela candidatura à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo a Quaest, 68% dos deputados acreditam que Lula concorrerá a um novo mandato. Esse índice já foi de 73% em maio de 2024. A desconfiança quanto à reeleição é maior entre os oposicionistas: 37% acreditam que Lula não tentará renovar o mandato em 2026.

A pesquisa ouviu 203 deputados federais entre os dias 7 de maio e 30 de junho, o que representa cerca de 40% da composição da Câmara. A amostra reflete a diversidade partidária e regional do parlamento. A margem de erro é de 4,5 pontos percentuais para mais ou para menos.

Apesar da inelegibilidade e dos processos em curso no Supremo Tribunal Federal, a cúpula do PL segue apostando em Bolsonaro como seu principal nome.

Em entrevista ao programa “Roda Viva”, da TV Cultura, o líder do partido na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), reafirmou essa posição. “Nós do PL temos uma certeza, nosso plano A para 2026 é Jair Bolsonaro. Nós não temos alternativas a ele. As penas impostas a ele de impedimento, na nossa avaliação, são injustas”, afirmou.

Sóstenes também disse que qualquer definição sobre um eventual substituto caberá exclusivamente ao ex-presidente. “O presidente Bolsonaro tem o timer certo, tem a nossa credibilidade e no momento certo tomará essa decisão”, declarou.