Maioria dos portugueses diz que Lula seria melhor para o Brasil, diz pesquisa

Atualizado em 24 de setembro de 2022 às 10:46
Lula
Lula é melhor para o Brasil, na visão da maioria dos portugueses

Uma pesquisa encomendada pelo jornal Correio da Manhã revela que, para a maioria dos portugueses, Lula seria um melhor presidente para o Brasil do que Jair Bolsonaro.

“Sondagem revela que metade dos portugueses entende o regresso do antigo chefe de Estado ao Palácio do Planalto como o melhor para o Brasil”, diz o periódico português.

“Metade dos inquiridos vê com bons olhos o regresso ao poder do antigo chefe de Estado brasileiro, contra apenas 9,7% dos que gostariam de ver Jair Bolsonaro continuar no Palácio do Planalto”, diz o artigo de Paulo João Santos.

De acordo com o jornal, a pesquisa ouviu 606 pessoas por telefone entre os dias 9 e 15 de setembro.

O resultado reflete uma visão extremamente crítica em relação ao mandato do presidente brasileiro no país lusófono.

A coluna do jornal Diário de Notícias da quinta-feira intitulada “Bolsonaro enterrado em Windsor” considera Bolsonaro como um “estúpido” que só provoca “desvantagens para toda a gente” e que só agrada a “cretinos”.

“Conforme a classificação do economista italiano Carlo Cipolla, os inteligentes conseguem, pelas suas ações, criar vantagens para si e para os outros, os bandidos só vantagens para si, os crédulos só vantagens para os outros, e os estúpidos desvantagens para toda a gente – o presidente do Brasil pertence, com todos os méritos, ao quarto grupo”, classifica João Almeida Moreira, correspondente em São Paulo.

No artigo, o jornalista aponta a passagem de Bolsonaro por Londres no funeral da rainha Elizabeth II como símbolo de um mandato desastroso. “Balanço da visita: pisou mais uma vez na imagem internacional do Brasil, atormentou os ingleses e não ganhou um voto”.

“Se este descalabro é o epílogo, ainda antes da condução assassina da pandemia, do regresso do país ao Mapa da Fome da ONU e da destruição ambiental se tornarem as marcas do bolsonarismo, um singelo episódio marca o prólogo do desgoverno de Bolsonaro, quando, logo após eleito, prometeu transferir a embaixada do Brasil em Israel para Jerusalém”, analisa.

“Criou um problema com os países árabes que, ofendidos, ameaçaram boicotar a importação de carne brasileira, e com os israelitas porque, obrigado a recuar, descumpriu a promessa. E o problema nem sequer existia”.

“‘A política é a arte de procurar problemas, encontrá-los em todo o lado, diagnosticá-los incorretamente e aplicar os piores remédios para os resolver’, dizia Groucho Marx, o maior expoente do nonsense até ser desbancado do cargo por Bolsonaro, um discípulo involuntário de Marx, o Groucho, e especialista em desagradar gregos e troianos (agrada só aos cretinos)”, afirma.

Não apenas em Portugal Bolsonaro não convence. Na França, a revista L’Express aponta como seu único resultado o isolamento internacional do Brasil. “Diplomacia: um Brasil isolado depois de quatro anos de mandato de Bolsonaro”.

“A imagem cruel dizia muito do Brasil de Jair Bolsonaro: em uma reunião do G20 em Roma no ano passado, enquanto os grandes desse mundo conversavam amavelmente, o presidente, sozinho, perto do bufê, falava aos garçons”, diz.

“País gigante no tamanho, e até aqui respeitado, o Brasil viu sua posição recuar no mundo durante os quatro anos do mandato do presidente de extrema direita, dizem unânimes os analistas ouvidos sobre seu resultado diplomático”, reporta.

Tampouco passa despercebida a responsabilidade da imprensa cúmplice da operação Lava Jato, como aponta a colunista Inna Afinogenova, do jornal espanhol Público, na coluna “Lava Jato e outros casos fraudulentos contra Lula da Silva”.

“Lula poderia ser presidente se não fosse pela acumulação de casos e tramas político-judiciais que o impediram politicamente quando ele justamente liderava as pesquisas. Ganhou Bolsonaro. Ao assumir o poder, o ultradireitista nomeou como ministro da Justiça o juiz Sergio Moro, o mesmíssimo que levou o líder do PT à prisão”, lembra.

“O tratamento midiático que se deu naquele momento a essas causas foi verdadeiramente escandaloso. A imprensa dava como um fato que estavam fundamentadas (as acusações), sem questionar absolutamente nada. Qualquer pessoa minimamente racional podia ver que, por mais que houvesse um esforço enorme de construir esses casos contra ele, o que havia de provas não pareciam nenhum pouco provas”.

Ela cita a Vaza Jato. “O juiz Moro não demorou a sair com explicações, bastante atropeladas”. E aponta a morte de Marisa Letícia em meio ao processo, a demora da justiça em autorizar sua presença no funeral do irmão em 2019 e a morte do neto. “Admirável a capacidade de Lula de se levantar depois de todo isso e não apenas levantar-se, mas dar esperança a milhões de brasileiros que, a julgar pelas pesquisas, o elegerão mais vez”, elogia.

Um contraste internacional, uma trama exposta: uma escolha fácil.