“Mais brutais que os árabes”: por que aumenta o número de alemães no Estado Islâmico

Atualizado em 19 de setembro de 2014 às 10:14
O alemão Kreshnik B, membro do EI, no tribunal em Frankfurt
O alemão Kreshnik B, membro do EI, no tribunal em Frankfurt

Publicado na DW.

 

 

Relatos da imprensa desta quarta-feira apontam que até nove jihadistas alemães teriam realizado atentados suicidas no Iraque e na Síria. De acordo com informações divulgadas pelo jornal Süddeutsche Zeitung e pelas emissoras NDR e WDR, em ao menos cinco casos o suicida era alemão. Outros três ou quatro casos estariam sendo investigados.

A mando do “Estado Islâmico” (EI), a maioria dos ataques suicidas perpetrados por terroristas alemães teriam sido realizados neste ano nas regiões curdas do Iraque e em Bagdá. Segundo a imprensa, os jihadistas alemães são denominados “Almanis”.

Süddeutsche Zeitung afirma que há também muitos terroristas suicidas provenientes de outros países da Europa. A quantidade de ataques realizados por europeus teria quadruplicado desde março deste ano, segundo informações dos serviços de inteligência.

“Mais brutais do que os árabes”

“O número de europeus aumenta consistentemente. Eles são especificamente recrutados e são mais brutais do que os árabes”, afirmou ao jornal o general Qassem Atta, porta-voz das Forças Armadas iraquianas.

Em Bagdá, as autoridades prenderam recentemente um membro do EI, que teria confirmado que, em 19 de julho, um terrorista suicida de origem alemã realizou um ataque na capital iraquiana no qual 54 pessoas morreram.

O governo do estado alemão da Renânia do Norte-Vestfália afirmou que existe uma alta probabilidade de que o autor do atentado seja o jovem Ahmet C., de 21 anos, da cidade de Ennepetal, mas a família nega a acusação.

O membro do “Estado Islâmico”, que foi preso em Bagdá, teria dito ainda que havia se encontrado, numa casa do EI na cidade de Fallujah, com outros três jihadistas alemães que ainda aguardavam ordens para agir.

EI proibido na Alemanha

Ao jornal, o ministro alemão do Interior, Thomas de Maizière, afirmou que “não queremos que mortes no Iraque tenham suas origens na Alemanha. A exportação do terrorismo é intolerável e deve ser eliminada”.

Na última sexta-feira, o ministro havia proibido todo tipo de atividade relacionada ao EI na Alemanha. Com a medida, passou a ser ilegal ser membro do “Estado Islâmico”, recrutar combatentes ou fazer propaganda para o grupo em redes sociais ou manifestações. Também é vetado o uso de símbolos da organização ou arrecadar fundos para os extremistas.

“Observamos a situação da segurança na Alemanha, mas também temos responsabilidade sobre as pessoas que vivem na Síria e no Iraque”, afirmou diretor do Departamento Federal de Proteção da Constituição, Hans-Georg Maassen. O órgão é responsável pela segurança interna do país.

Nas últimas semanas, Maassen havia dito que a Alemanha lida com ameaças de residentes radicalizados e que participam de campanhas extremistas em outras partes do mundo. “Muitos devem voltar e realizar ataques”, alertou o diretor, acrescentando que muitos islamistas gostariam de ver o jihad em prática na Alemanha.

Nesta segunda-feira, começou em Frankfurt o primeiro processo contra um suposto membro do EI na Alemanha. O jovem Kreshnik B., de 20 anos, é acusado de fazer parte do grupo terrorista e de ter participado de combates contra o Estado sírio.

Sob a lei atual, os alemães que praticarem crimes como membros de organizações terroristas podem ser processados em seu país de origem, mas sua cidadania não pode ser revogada. Essa medida pode ser tomada apenas quando cidadãos alemães aderirem às Forças Armadas de outros países sem a aprovação das autoridades alemãs.

No entanto, já foram feitas propostas para modificar a legislação e, assim, permitir a revogação das cidadanias daqueles que se unirem a milícias estrangeiras, como o “Estado Islâmico”.