Mais de 1,5 mil militares receberam R$ 100 mil por mês este ano

Atualizado em 15 de agosto de 2022 às 17:20
Ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e presidente Jair Bolsonaro
Foto: STRINGER (REUTERS)

Do início do ano a maio, 1.559 militares das três Forças Armadas tiveram pagamentos de mais de R$ 100 mil por mês. Juntos, eles receberam R$ 262,5 milhões sem os descontos, como Imposto de Renda e contribuição para a Previdência dos militares, segundo o jornal Estadão.

Entre aqueles que foram beneficiados estão oficiais que integraram o governo de Jair Bolsonaro (PL), como o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, que teve rendimentos líquidos de R$ 305,4 mil, ao passar para a reserva remunerada do Exército.

No entanto, Pazuello não está nem perto do topo da lista com os maiores contracheques militares de 2022. O primeiro do ranking é um coronel, lotado no Comando do Exército, chamado James Magalhães Sato, de 47 anos.

Em abril deste ano, o pagamento feito a ele foi de R$ R$ 603.398,92, o que corresponde a 38 anos dos rendimentos de um trabalhador que ganhe o salário mínimo atual, de R$ 1.212. O valor também é cerca de mil vezes maior que o Auxílio Brasil, de R$ 607 em agosto, de acordo com o governo.

No cadastro do Exército, Sato aparece como “militar da ativa”. A remuneração básica do coronel é R$ 22,4 mil, mas, em abril deste ano, os rendimentos foram aumentados por uma verba de R$ 733,8 mil recebida sob a justificativa de “outras remunerações eventuais”. O campo das “observações” informa que o pagamento faz parte de “valores decorrentes de atrasos”.

A mesma justificativa é apresentada no caso de Pazuello. Em março, a remuneração básica bruta de R$ 32 mil foi acrescida de verbas indenizatórias que somam R$ 282,6 mil em março deste ano, resultando em vencimentos de R$ 305,4 mil. O Portal da Transparência informa apenas que seriam “valores decorrentes de atrasos”.

O segundo maior montante pertence a um Major-Brigadeiro da Aeronáutica, que atua desde fevereiro no Quarto Comando Aéreo Regional (IV COMAR), sediado em São Paulo, junto ao aeroporto do Campo de Marte. Em março deste ano, o contracheque do militar teve o valor de R$ 376,8 mil, resultando em rendimentos de R$ 405,7 mil. A justificativa da Aeronáutica é que o militar está “em ajuste de contas”, ou seja, se preparando para deixar a ativa.

De acordo com o jornal, as informações foram levantadas por meio de dados abertos do Portal da Transparência, e pelo gabinete do deputado Elias Vaz (PSB-GO), usando a mesma fonte.

Procurado, o Ministério da Defesa reencaminhou uma nota já enviada dias antes ao Estadão, dizendo que “os valores referem-se à remuneração mensal e a indenizações pontuais e a atrasados. Essas indenizações são relativas ao recebimento de férias não usufruídas ao longo da carreira, ou a outros direitos, que são calculados na ocasião da passagem dos militares para a reserva”.

“Cabe ressaltar que as Forças Armadas cumprem, rigorosamente, a legislação que rege o pagamento de seus militares e servidores civis. Os valores são lançados no Portal da Transparência e são submetidos à fiscalização dos órgãos de controle”, diz a nota da Defesa.

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