“Mais um pra conta”: dono do Madero demite 600 “colaboradores”, mas não abre mão de seus jatinhos. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 2 de abril de 2020 às 9:59
Huck e Durski, sócios no Madero, fantasiados de espermatozóide

A rede Madero, do bolsonarista Junior Durski, ex-vereador, madeireiro e garimpeiro, demitiu 600 funcionários nesta quarta-feira, 1º de abril.

Foi uma pegadinha.

Há apenas nove dias, Durski fez um vídeo no Instagram prometendo não mandar ninguém embora na crise econômica mundial causada pelo coronavírus.

“Quero dizer aos meus funcionários, às 8 mil pessoas que trabalham conosco, vai ser duro, vamos juntos, vamos trabalhar forte. eu deixo aqui o meu compromisso, a minha palavra, de que nós vão vamos demitir ninguém”, falou.

Deu no que deu.

Segundo o sócio de Luciano Huck, a maior parte das dispensas foi de “colaboradores” — esse eufemismo idiota para empregados — recém-contratados.

Durski ficou famoso nacionalmente ao apoiar as manifestações golpistas do 15 de março. Uma semana depois, declarou-se contra o isolamento recomendado pela OMS, ecoando Bolsonaro.

“Vamos cuidar, vamos isolar os idosos, as pessoas que tenham algum problema de saúde, como diabetes, vamos! É nossa obrigação fazer isso. Mas não podemos [parar] por conta de 5 ou 7 mil pessoas que vão morrer…”, decretou.

O valor de mercado da lanchonete é de R$ 3 bilhões. Em 2018, recebeu R$ 700 milhões do fundo Carlyle pela venda de 22,3% de participação.

Ele gosta de ostentar a vida boa de milionário enquanto dá aulas de ética e de preocupação social.

Se negociasse um de seus jatinhos, a economia seria maior do que com as dispensas — mas isso não está em questão, é claro.

A paixão é compartilhada pelo parceiro Huck, que tomou empréstimo de R$ 17,7 milhões feito com o BNDES para a compra da sua aeronave.

Há várias fotos de Junior com os mimos, que usa para levar amigos como o babaca profissional Otávio Mesquita para suas propriedades. Mesquita gravou lá um de seus programas jabazeiros.

O jato abaixo é um Challenger CL 350, de US$ 27 milhões, fabricado pela Bombardier do Canadá. Junta-se à frota de dois Learjet’s 60 e 31 (US$ 16 e US$ 7 milhões) e um helicóptero MD 902 bi-turbina (US$ 6,2 milhões).

Ele contou que toma aulas de inglês no interior do Rio de Janeiro voando no Challenger. “Mais de R$ 6 mil a hora de vôo”, diz uma fonte do DCM especializada nesses brinquedos.

Aqui com Guilherme Benchimol, processado nos EUA por supostas fraudes da consultora XP, que voou até Curitiba num dos jatinhos da milionária frota, junto com seus diretores, para comer hambúrguer.

Esse é o Junior Durski, o homem que gosta de voar.