Foi posta em movimento a roda para tentar triturar o caráter político da morte de Marielle Franco e diluí-la.
Na GloboNews, a notícia sobre o assassinato vem acompanhada de outros casos de violência, como se fosse tudo parte da “crise de segurança pública” no Rio.
O jornal da família nem sequer deu capa para Marielle.
Não à toa, o ministro da Justiça, Michel Temer faz força para emplacar essa narrativa.
“Essas quadrilhas organizadas, essas organizações criminosas não matarão nosso futuro”, diz Michel. Que organizações, Michel? A PM? As milícias?
Torquato Jardim vai mesma toada.
“Foi uma tragédia. Mais uma tragédia diária do Rio de Janeiro. Lamentável”, falou após sua participação em um painel sobre corrupção no Fórum Econômico Mundial, em São Paulo.
“É preciso conhecer bem as razões e ir atrás dos responsáveis”, prosseguiu, acaciano.
“Isso não põe em xeque a eficácia da intervenção federal”.
Ora. O que põe em xeque, então?
A linha da investigação aponta para o óbvio: execução.
Os bandidos sabiam o assento que ela ocupava no carro e a atingiram com nove tiros, quatro deles na cabeça.
O motorista, Anderson Pedro Gomes, também morreu.
Marielle, quinta vereadora mais votada em 2016, se definia como “cria da Maré” e tinha orgulho de ser negra e favelada.
Três dias antes, denunciou policiais que agiam em Acari. O batalhão estava “aterrorizando e violentando moradores”.
Seus algozes não fizeram questão nenhum de esconder o que fizeram. Foi um recado, contando com a impunidade.
Não simularam assalto, nada.
Quem tenta ocultar sua responsabilidade é o governo e seus comparsas na mídia.
Impossível. Estão todos com as mãos sujas do sangue de Marielle Franco.