
Enquanto lia uma matéria sobre Dado Dolabella ter sido acusado, de novo, de agressão contra a mulher (surpreendendo um total de zero pessoas), pensei sobre as violências de gênero e o quão complexas podem ser.
Dessa vez a vítima foi a ex miss Marcela Tomaszewski. Teve até vídeo dos machucados expostos por uma amiga da ex miss, e a primeira vítima de Dado, Luana Piovani, se manifestou pedindo a intervenção das autoridades – uma das raras vezes em que a diva demonstrou alguma sensatez.
Pensei, em seguida, com certo lamento, nas mulheres que eu conheço que aceitam se relacionar com esse tipo de homem, por motivos por mim (e talvez também por elas) desconhecidos.
O cara dá todos os sinais de agressividade – de murro na parede a violência psicológica – e as mulheres, sobretudo as românticas, conseguem encontrar uma forma de justificarem o fato de aceitarem muito frequentemente menos do que merecem.
Passei então a pensar em uma amiga, linda, inteligente e livre, que só se relaciona com agressores – um padrão individual, mas nem tanto.

Somos convencidas, muitas vezes, de que a violência é aceitável e até justificável, porque “homem é assim mesmo”, e toda baboseira que crescemos ouvindo em um mundo que nos educa para a submissão e aceitação do inaceitável, em nome de sermos escolhidas por um homem muitas vezes medíocre.
Em outras palavras: é preciso que se esteja muito carente/alinhada à chamada “síndrome da escolhida” pra se relacionar com um cara como Dado Dolabella.
Sabemos: ele tem um histórico que deveria servir pra espantar qualquer mulher em sã consciência.
Marcela Tomaszewski é a quarta mulher agredida por Dado, depois de Luana Piovani, Wanessa Camargo, Dani Souza e Marina Dolabella (fora, é claro, o que a mídia não conseguiu noticiar).
O cara é mais do que um agressor: é o estereótipo quase didático de um canalha violento, e ainda assim consegue a confiança de mulheres em tese independentes e donas de si, o que é, no mínimo, assustador.
É claro que a justiça deve ser mais dura com um agressor mais do que reincidente, mas isso é chover no molhado.
Prefiro dizer que, dentro das nossas dinâmicas sociais, agressores não ficam isolados e muitas vezes são desejados por mulheres que aprenderam que violência é amor.
Marcelas, Luanas, Wanessas e Jéssica seguem arriscando a própria integridade ao eufemizar comportamentos agressivos, procurando muitas vezes justificá-los.
Agressores só serão isolados e punidos como merecem quando as mulheres entenderem que não precisam aturar nada para serem escolhidas por homens de caráter duvidoso.