Malafaia confirma que ficou calado durante depoimento à PF

Atualizado em 21 de agosto de 2025 às 18:17
Silas Malafaia após depor para a PF no Aeroporto do Galeão (RJ). Foto: reprodução

O pastor Silas Malafaia permaneceu em silêncio ao prestar depoimento à Polícia Federal após ser alvo de uma operação autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Em mensagem enviada ao G1, o religioso bolsonarista afirmou que usou o direito constitucional de não falar, alegando que ele e seu advogado não tiveram acesso ao inquérito, mas disse que pretende se manifestar às autoridades em momento oportuno.

Na quarta-feira (20), agentes da PF cumpriram mandado de busca pessoal e de apreensão de celulares contra o pastor no Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro. Ele havia desembarcado de um voo proveniente de Lisboa e foi abordado assim que chegou ao país.

A operação integra o inquérito que apura o crime de coação no curso do processo que investiga a tentativa de golpe de Estado, na qual Jair Bolsonaro e ex-integrantes de seu governo são réus.

Segundo o procurador-geral da República, Paulo Gonet, a Polícia Federal reuniu diálogos e publicações que mostram Malafaia como “orientador e auxiliar das ações de coação e obstrução promovidas pelos investigados Eduardo Nantes Bolsonaro e Jair Messias Bolsonaro”.

Para Gonet, as evidências demonstram que o pastor e os demais envolvidos “estão associados no propósito comum, bem como nas práticas dele resultante, de interferir ilicitamente no curso e no desenlace da Ação Penal n. 2668 [da tentativa de golpe], em que o ex-presidente figura como réu”.

Além da apreensão de aparelhos, o pastor foi alvo de medidas cautelares que incluem a proibição de deixar o país e de manter contato com outros investigados. O pedido foi feito pela PF e recebeu parecer favorável da Procuradoria-Geral da República em 15 de agosto. Nas horas seguintes à operação, Malafaia foi ouvido ainda no Galeão, em dependências da Polícia Federal.

Já nesta quinta-feira (21), o pastor divulgou um vídeo em suas redes sociais no qual atacou o ministro Alexandre de Moraes, a quem chamou de “ditador de toga”. Ele acusou o magistrado de “promover perseguição religiosa” e relatou ter tido o celular, o passaporte e três cadernos apreendidos.

“Cheguei de Portugal e no aeroporto fui interceptado pela Polícia Federal. Levaram meu celular, meus cadernos de mensagens bíblicas e até meu passaporte. Que país é esse?”, questionou.

Malafaia explicou que os cadernos continham anotações de pregações, roteiros de vídeos e registros de manifestações. Ele também criticou o que chamou de vazamento seletivo de informações do inquérito à imprensa, antes que sua defesa fosse formalmente notificada. “Se eu falar do inquérito, sou preso. Mas a Gestapo de Alexandre de Moraes vaza tudo”, disse, em referência à polícia política nazista.

O mandado contra Malafaia foi cumprido no âmbito da PET nº 14129, investigação que busca apurar tentativa de obstrução de Justiça e coação de autoridades responsáveis pelo processo. De acordo com a PF, o pastor teria atuado diretamente para influenciar decisões e proteger aliados políticos envolvidos no caso.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.