Malafaia promete discurso “duríssimo” contra Moraes na Paulista após treta com Musk

Atualizado em 7 de setembro de 2024 às 8:46
Silas Malafaia em ato na Paulista. Foto: Bruno Santos/Folhapress

O protesto de 7 de Setembro deste ano promovido por bolsonaristas terá como alvo central o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), tratado por eles como um “ditador que abusa de seu poder e exerce censura”. O ato deve começar às 14h, na avenida Paulista. Enquanto o tom adotado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ainda é desconhecido, o pastor Silas Malafaia, principal organizador do ato, deve ser enfático para uma trama golpista.

O líder religioso disse à Folha que será “duríssimo” contra o ministro e que pedirá seu impeachment. “Vai ser o mais duro e veemente discurso que fiz até hoje. Vai ser de arregaçar”, garantiu. A manifestação é insuflada por dois casos recentes envolvendo Moraes. O mais recente foi a decisão de suspender as atividades do X, antigo Twitter, após a empresa não indicar um representante legal no país.

Desde então, o dono da plataforma, o empresário Elon Musk, tem endossado postagens sobre o protesto de sábado. Ele escreveu que o magistrado “deve sofrer impeachment por violar seu juramento de posse”.

Na última sexta-feira (6), o ex-presidente afirmou, em um discurso a apoiadores em Juiz de Fora (MG), que a manifestação será feita para desafiar o que ele chama de “sistema”, que ele teria começado a “abrir suas vísceras”, e para pedir a saída de Moraes.

“Não tenho obsessão pelo poder. Tenho paixão pelo meu Brasil. Quando eu daqui sair em 30 de dezembro de 2022, algo me aconselhou a agir daquela maneira. Eu pressentia que algo estava para acontecer. Se eu tivesse ficado aqui, no dia 8 de janeiro teria sido preso e até hoje estava preso. Ou melhor, já estaria morto, porque o sistema não me quer preso me quer sem vida. Me quer morto”, disse.

O ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: reprodução

Outra situação que estimula a manifestação é a série de reportagens golpistas publicada pela Folha que apontou uma “atuação atípica” do gabinete de Moraes no STF. Auxiliares ordenaram por mensagens e de forma não oficial a produção de relatórios pela Justiça Eleitoral para embasar decisões do próprio ministro contra bolsonaristas no inquérito das fake news no Supremo durante e após as eleições de 2022.

“Só o povo para parar um cara desses. Derrubar um poder ditatorial é uma construção com o povo, não é da noite para o dia”, disse Malafaia.

O protesto pode ter impacto na eleição municipal de São Paulo, no momento em que o público bolsonarista tem abraçado a candidatura de Pablo Marçal (PRTB) apesar de Bolsonaro ter indicado apoio ao prefeito Ricardo Nunes (MDB). O próprio ex-presidente não se engajou na campanha emedebista e tem acenado para o coach.

Para demonstrar alinhamento a Bolsonaro, Nunes afirmou que vai comparecer ao ato, ao lado do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que tem sido seu principal cabo eleitoral e busca convencer Bolsonaro e seus apoiadores de que o prefeito é preferível ao coach influenciador. Existe a chance de que o prefeito seja recebido com vaias.

A presença do influenciador, por sua vez, é incerta. Marçal viajou nesta quinta-feira (5) para El Salvador e afirmou à coluna Mônica Bergamo que iria “encontrar um presidente”. À reportagem, disse ao fim do dia que foi ao país “gravar um documentário”. Nota enviada pela campanha afirma que ele viajou ao país para se reunir com autoridades locais e buscar soluções para enfrentar a criminalidade.

Nas redes sociais, um de seus assessores disse que a equipe deixaria o país na noite desta sexta-feira (6), mas não ficou claro se voltam direto para o Brasil.

A possível ausência de Marçal tem sido explorada por aliados de Nunes, que veem na viagem internacional uma desculpa para evitar o embate com Moraes —questão que já causou desgaste entre o influenciador e Eduardo Bolsonaro (PL-SP) no mês passado.

O coach já demonstrou preocupação sobre entrar em uma guerra contra Moraes, afirmando em sabatina Folha/UOL, na quarta-feira (4), que seu partido é frágil e que “qualquer coisinha pode derrubar”. Há ações em curso no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que ameaçam o registro da candidatura do influenciador.

Nunes, por sua vez, tampouco comprou a briga contra o ministro. Questionado em sabatina Folha/UOL, na sexta, sobre ser a favor do impeachment, disse que a questão cabe ao Senado e, ignorando o real motivo da manifestação, disse que o ato “é em defesa do Estado democrático de Direito”.

Depois de ter sido emparedado pelos próprios eleitores e recuado nas críticas a Marçal, Bolsonaro deixou o caminho aberto para que tanto Nunes quanto Marçal participassem do ato. Para evitar que a Justiça Eleitoral aponte o uso do ato como campanha, os candidatos não terão direito à fala.

Já Tarcísio deve discursar, mas evitando a crítica a Moraes, como fez no último ato bolsonarista, em fevereiro. O governador, Nunes e Bolsonaro vão se reunir pela manhã no Palácio dos Bandeirantes, onde o ex-presidente ficará hospedado desde sexta, para tratar detalhes da participação dele na campanha emedebista —a ideia é agendar gravação de propaganda e compromissos públicos.

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