Mandante da execução de delator do PCC fugiu de ação contra o CV no Rio

Atualizado em 29 de outubro de 2025 às 13:05
O narcotraficante Emílio Carlos Gongorra Castilho, conhecido como Cigarreiro. Foto: Reprodução

O narcotraficante Emílio Carlos Gongorra Castilho, o Cigarreiro, apontado como um dos mandantes do assassinato de Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, escapou pela segunda vez de uma megaoperação policial contra o Comando Vermelho (CV) no Rio de Janeiro, conforme informações do colunista Josmar Jozino, do UOL.

Segundo as investigações, ele deixou o Complexo da Penha pouco antes da ação desta terça-feira (28) e fugiu para o exterior, possivelmente para a Bolívia, onde também se escondem líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC).

Gritzbach, que havia delatado integrantes do PCC ao Ministério Público de São Paulo (MP-SP), foi morto a tiros de fuzil em 8 de novembro de 2024, no aeroporto internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo. O crime, que completa um ano na próxima semana, segue sem punição aos mandantes.

De acordo com o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Cigarreiro passou meses escondido no Complexo da Penha, local de intensa atuação do CV, mas deixou a favela pouco antes da operação policial que resultou em 64 mortes.

As investigações apontam que, um dia antes do assassinato de Gritzbach, ele fretou um avião em Jundiaí (SP), voou até o aeroporto de Jacarepaguá (RJ) e se refugiou com apoio de comparsas ligados ao PCC e ao CV.

O empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, 38, foi morto a tiros no aeroporto de Guarulhos em 8 de novembro
O empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, morto a tiros no aeroporto de Guarulhos em 8 de novembro. Foto: Reprodução

Controle do tráfico

Cigarreiro controlava o tráfico de drogas em um morro na Vila Cruzeiro, com o auxílio de seu sócio Alan Hilário Lopes, o Rala, que ficou paraplégico após trocar tiros com o Bope. Desde 2007, quando Rala foi baleado, o narcotraficante consolidou sua influência na região.

Em 2010, Cigarreiro protagonizou uma das fugas mais conhecidas da história do crime no Rio, quando escapou pela mata da Vila Cruzeiro junto com dezenas de traficantes durante uma operação da Polícia Militar. As imagens da fuga foram transmitidas internacionalmente.

Em São Paulo, ele se aproximou do PCC por meio de Antônio Bechelli Santa Fausta, o Cara Preta, figura influente na facção paulista e assassinado em 2021, no bairro do Tatuapé, zona leste da capital.

Motivações e conexões do assassinato

Segundo o DHPP, Gritzbach foi executado após desviar R$ 100 milhões em criptomoedas de Cara Preta e ordenar sua morte. Ele também teria desaparecido com R$ 4 milhões de Cigarreiro e delatado membros do PCC ao MP-SP, o que teria motivado um “consórcio do crime” entre as duas facções para matá-lo.

As investigações identificaram a participação de policiais militares no crime. O relatório principal do DHPP indiciou por homicídio e organização criminosa o soldado Ruan Silva Rodrigues, o cabo Dênis Antônio Martins e o tenente Fernando Genauro da Silva, todos presos preventivamente sob acusação de participação direta na execução.

A Justiça decretou a prisão preventiva de Cigarreiro, Diego dos Santos Amaral (o Didi) — também apontado como mandante — e de seu primo Kauê do Amaral Coelho, considerado o “olheiro” que estava no aeroporto e avisou aos executores o momento exato em que Gritzbach deixava o Terminal 2.

Assim como Cigarreiro, Kauê também se escondeu por meses no Complexo da Penha antes de fugir. Todos os três continuam foragidos.