Mandetta e Bolsonaro: Diagnóstico de “orelhada”, terapia do “chute”. Por Fernando Brito

Atualizado em 25 de novembro de 2018 às 21:23
Bolsonaro e Mandetta

Publicado originalmente no Tijolaço

POR FERNANDO BRITO, jornalista

O cidadão que responderá pelo Ministério da Saúde, Luiz Mandetta, disse ontem que apoiava a realização de um exame de suficiência para que médicos recém-formados pudessem clinicar, nos moldes do Exame da Ordem dos Advogados.

Os fundamentos da ideia? Ele “acha” que a formação médica brasileira é deficiente e que coloca em atividade profissionais que não estão minimamente preparados para exercer a medicina.

A “proposta” de Mandetta, claro, não está acompanhada de nenhum estudo sério para fundamentá-la, muito embora até possa, em muitos casos, haver tais deficiências de formação, às quais não basta “punir” com a proibição de trabalho gente que não apenas custou tanto ao país formar quanto não se vai aferir a capacidade com uma simples prova: afinal, se o sujeito erra grosseiramente oito questões essenciais de clínica geral e acerta todas as de especialidades pode ser mais deficiente como médico do que os que acertam e erram ao contrário.

Hoje, Jair Bolsonaro “vetou” a proposta com outro veredito na base do “eu acho”.

“Sou contra”, disse Bolsonaro, em rápida entrevista após deixar a Escola de Educação Física do Exército, registrou a Folha de S.Paulo.

É como se tivéssemos um “diagnóstico de orelhada” e uma terapia do “chute”, na base também do “eu acho”.

E como quem “acha mais” é o presidente, vale o “sou contra”.

Coisa que o futuro ministro engolirá em seco e passará a achar também.

A Saúde Pública no Brasil será administrada com o rigor científico do “Dr. Bumbum”.

Amanhã, haverá ordens para a Anvisa liberar um remédio porque o “01” ouviu dizer que é bom e que vende nos Estados Unidos.

Será assim em todos os setores, aguarde para ver.

Ao menos enquanto o “chefe” estiver “podendo”.