Mandetta precisa dar o nome dos médicos que queriam forçá-lo a protocolar uso da cloroquina. Por Kiko Nogueira

Atualizado em 7 de abril de 2020 às 17:18
Mandetta em coletiva

O ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta deveria parar por um momento de parir frases de efeito em sua refrega com Bolsonaro para fazer uma denúncia formal.

Após se reunir com o chefe na segunda, dia 6, Mandetta contou em coletiva que foi pressionado por dois médicos a editar um protocolo de hicroxicloroquina para tratamento do coronavírus no Brasil por meio de decreto.

Recusou, segundo ele, por falta de embasamento científico e recomendou que os profissionais procurassem o secretário de Ciência e Tecnologia da pasta, Denizar Vianna.

“Me levaram para uma sala”, relatou na coletiva.

“Eu disse a eles que é super bem-vindo, os estudos são ótimos. É um anestesiologista e uma imunologista que lá estavam”.

Não declinou os nomes.

A cloroquina está sendo usada para casos graves e críticos. Tem efeitos colaterais severos. A Anvisa informa que toda prescrição precisa ser feita em receita especial de duas vias.

Virou um elixir milagroso para Bolsonaro e seu dono, Donald Trump.

O New York Times revelou que Trump tem participação financeira na Sanofi, uma das maiores fabricantes da droga.

Além disso, uma empresa administrada por Ken Fisher, doador do Partido Republicano, é uma de suas principais acionistas.

O encontro entre Mandetta e os dois colegas ocorreu no Palácio do Planalto.

Eram enviados de Bolsonaro? O sujeito sabia?

De novo: quem são?

Os doutores precisam ser conhecidos dos brasileiros para esclarecerem que seu interesse era o bem-estar da população — e não fazer lobby e embolsar dinheiro.