Manifesto pede cassação de Fernando Cury por assédio sexual contra deputada Isa Penna

Atualizado em 19 de dezembro de 2020 às 10:22
Assédio sexual contra deputada em pleno exercício do mandato. Ato repugnante do agressor, Fernando Cury (Cidadania), deve ser punido com cassação de mandato. Alesp/divulgação

Originalmente publicado por REDE BRASIL ATUAL

Manifestos e mobilização nas redes sociais pela cassação do mandato do deputado estadual Fernando Cury (Cidadania) se intensificaram nesta sexta-feira (18), um dia depois da divulgação das imagens que mostraram o parlamentar cometendo assédio e abuso sexual contra a também deputada Isa Penna (Psol). O flagrante foi registrado durante sessão plenária da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), que votava o orçamento do estado para 2021.

O gabinete da deputada é autor de um dos manifestos pedindo a cassação de seu agressor. “A deputada Isa Penna é conhecida por atuar em prol do combate à violência contra as mulheres e afirma que a violência de gênero que sofreu publicamente na Alesp infelizmente não é um caso excepcional, dado que ela e as deputadas Mônica Seixas e Érica Malunguinho, do mesmo partido, já foram assediadas em ocasiões anteriores”, diz um trecho do documento.

“É justamente esse tipo de violência, que também é uma violência política, que impede que as mulheres possam atuar livremente em todos os espaços públicos”, prossegue.

O manifesto inclui nomes simbólicos da luta pelo direito das mulheres no Brasil, como Marielle Franco, Talíria Petrone e Maria do Rosário: “Quando Marielle Franco foi executada, o recado foi claro. Mulheres, em especial mulheres negras, de esquerda, com uma agenda de emancipação, serão continuamente perseguidas. E isso continua a acontecer com Talíria Petrone agora e tantas outras”, afirma.

O documento conclui e pede apoio às lutas feministas e pela cassação do parlamentar do Cidadania: “Isa Penna não será intimidada e vai continuar presente em todos os espaços lutando pela vida das mulheres! Apoie a cassação do deputado Fernando Cury!”.

Psol

Em entrevista à CNN Brasil, a Isa Penna disse que se sente “enojada” pelo assédio que sofreu e que episódios como esse são “cotidianos” na política e na vida das mulheres. “Esses homens têm uma vivência de como se fossem deuses, autoridades inatingíveis pelo povo”, declarou. Ao contrário do que argumenta Cury (leia abaixo), ela disse que não considera o ato “um abraço” e que sequer sabia o nome de seu agressor. “Não foi um abraço porque eu senti a mão dele. Ele pegou no peito.”

Em resposta, a Executiva Nacional do Psol também manifestou “irrestrita solidariedade à deputada Isa Penna” e anunciou que vai tomar todas as medidas para a responsabilização de Cury pelo seu “ato repugnante”. Em comunicado, a legenda reafirmou sua atuação contra a cultura machista, que legitima violências como as cometidas contra Isa Penna, em pleno exercício de seu mandato popular.

“O assédio e a violência contra as mulheres são resultantes de uma verdadeira cultura do estupro existente em nossa sociedade, a qual banaliza e naturaliza comportamentos machistas que agridem e violam a sexualidade da mulher e o direito ao seu próprio corpo, que operam buscando legitimar a violação de direitos”, afirma a nota do Psol.

Leia a íntegra:

A Executiva Nacional do PSOL manifesta sua irrestrita solidariedade à deputada Isa Penna, importunada sexualmente durante o exercício de seu mandato parlamentar em sessão legislativa na Assembleia de São Paulo durante votação orçamentária pelo deputado Fernando Cury (Cidadania). Não aceitaremos nenhuma forma de assédio!

Sabemos que atos absurdos como o ato repugnante cometido por Cury não são uma exceção. O assédio e a violência contra as mulheres são resultantes de uma verdadeira cultura do estupro existente em nossa sociedade, a qual banaliza e naturaliza comportamentos machistas que agridem e violam a sexualidade da mulher e o direito ao seu próprio corpo, que operam buscando legitimar a violação de direitos.

A deputada Isa Penna atua no enfrentamento à violência contra a mulher. Nos orgulhamos de que nossas parlamentares estejam na linha de frente do combate ao machismo estrutural. Lutaremos sem trégua contra o projeto ultra conservador e reacionário dentro e fora do parlamento. Repudiamos veementemente o ato de assédio e tomaremos todas as medidas para a responsabilização do agressor.

Executiva Nacional do PSOL

18 de dezembro de 2020

Cidadania

Após a repercussão do caso, o Cidadania, partido de Cury, afirmou que acionará o Conselho de Ética da legenda para apurar o caso e cobrou “as devidas explicações do parlamentar”. A nota foi assinada pelos presidentes estadual e nacional da legenda, Arnaldo Jardim e Roberto Freire, respectivamente.

Por sua vez, o parlamentar afirmou se sentir “constrangido’ e “triste” e se desculpou pelo que chamou de “abraço”. “Gostaria de frisar que não houve, de forma alguma, tentativa de assédio, de importunação sexual ou qualquer outra coisa”, afirmou. “Eu nunca ia fazer isso na frente de 100 deputados.”