
O ex-policial militar Guilherme Derrite, atual secretário de Segurança Pública de São Paulo, precisa ser demitido. Ele é o pai da anarquia policial no estado, que está criando um banho de sangue.
Derrite já chegou a criticar colegas de farda por terem matado menos de três pessoas em cinco anos de serviço. “É vergonhoso”, declarou. Segundo a revista Piauí, sua certidão criminal apresentada ao Tribunal Superior Eleitoral, quando concorreu ao cargo de deputado federal, registra seis inquéritos.
Derrite comanda uma máquina assassina. De janeiro a outubro, as polícias Civil e Militar de São Paulo eliminaram 676 pessoas, alta de 66% em relação ao mesmo período do ano passado, considerando os casos em serviço e de folga.
O número já é superior aos anos de 2023, 2022 e 2021. Os dados foram divulgados pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) em novembro. Nos últimos dias, viralizaram imagens tenebrosas de PMs jogando um homem de uma ponte, outro executando um jovem negro com onze tiros nas costas e ainda outro, aposentado, disparando contra crianças que o avisaram de um defeito no pisca-pisca do carro.
Derrite, de acordo com a Piauí, esteve envolvido em ações que resultaram em dez homicídios ao longo de três anos e nove meses. Um sétimo inquérito, não mencionado na certidão entregue ao TSE, está relacionado a uma operação policial que deixou seis mortos e resultou na prisão de três policiais militares sob acusações de tortura e assassinato.
Com esse caso, o número total de mortes associadas às intervenções de Derrite sobe para dezesseis. O número não indica que Derrite foi o autor de todos os disparos fatais, já que os inquéritos nem sempre identificam o responsável por cada morte. O fato é que ele participou de operações que deixaram esse saldo. Apesar disso, Derrite foi investigado nos sete inquéritos, mas nunca chegou a ser denunciado.
A operação que resultou em seis mortes foi um dos motivos para a saída de Derrite da Rota, a tropa de elite da Polícia Militar de São Paulo. Seus superiores consideraram que sua letalidade estava além do aceitável. Em 2021, durante uma entrevista a um canal no YouTube, o próprio Derrite comentou o episódio: “Porque eu matei muito ladrão. A real é essa, simples. Pá!”.
A reportagem também traz declarações de Wallace Oliveira Faria, atualmente preso no presídio de Tremembé, no interior paulista, onde cumpre uma pena de 102 anos.
Em dois depoimentos à Defensoria Pública do Estado de São Paulo, entre junho e agosto de 2019, Faria confessou integrar um grupo de extermínio de Osasco. “Tudo o que a gente ia fazer avisava o Derrite. Ele tinha comando total”, afirmou.
O grupo, chamado “Eu Sou a Morte,” era formado por policiais de dois batalhões da PM em Osasco, o 42º e o 14º. Derrite era membro do 14º Batalhão antes de ser transferido para a Rota. Embora Faria tenha fornecido detalhes das operações e circunstâncias envolvendo o grupo, a ausência de provas materiais impediu o avanço das acusações.