O influenciador Pablo Marçal (PRTB) tentou transformar a cadeirada que recebeu de José Luiz Datena (PSDB), durante o debate da TV Cultura no domingo (15), em um reforço à sua narrativa de perseguição pelo sistema. O empresário adotou o papel de vítima para se posicionar como alguém injustiçado.
No entanto, políticos de diferentes ideologias, tanto de esquerda quanto de direita, rejeitaram a ideia de que Marçal fosse uma vítima. Mesmo com críticas ao comportamento de Datena, muitos lembraram as provocações feitas por Marçal e destacaram que ele também teve sua parcela de responsabilidade no episódio, conforme informações da Folha de S.Paulo.
O conflito começou quando Marçal fez uma pergunta provocadora a Datena, questionando quando ele deixaria sua candidatura e pararia com a “palhaçada”. Além disso, o influenciador acusou Datena de assédio e o chamou de “arregão”, o que resultou na reação agressiva do apresentador.
Entre a madrugada de domingo (15) e a tarde de segunda-feira (16), Marçal publicou 26 posts no Instagram sobre o episódio. Um deles é um vídeo no qual compara a cadeirada aos atentados sofridos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante a campanha de 2018 e pelo republicano Donald Trump na atual disputa pela presidência dos Estados Unidos.
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A comparação gerou desconforto entre os aliados de Bolsonaro, que apoia Ricardo Nunes e tem uma relação conturbada com Marçal. Na manhã de ontem, o canal Bolsonaro TV, que reproduz conteúdos pró-Bolsonaro nas redes sociais, divulgou um vídeo das provocações de Marçal e da agressão de Datena, questionando: “Reflita e responda… Foi tudo planejado?”.
O mesmo vídeo também foi disseminado no WhatsApp pelo pastor Silas Malafaia, que é próximo de Bolsonaro e vem criticando fortemente Marçal, especialmente após o ex-coach tentar subir no carro de som durante as manifestações de 7 de Setembro na avenida Paulista, em São Paulo.
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Na segunda-feira, o religioso publicou outro vídeo, acusando Marçal de tentar se fazer de vítima e manipular as pessoas, ao comparar o ataque sofrido com os atentados contra Trump e Bolsonaro, o que classificou como “deboche”.
O pastor ainda afirmou que a equipe de Marçal encenou um “show de pirotecnia” com a ambulância para dar mais gravidade ao caso. Ele descreveu o influenciador como um “psicopata” que tenta enganar o público, manipulando a situação. “Não é possível você continuar a ser manipulado por esse psicopata”, afirmou.
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Na segunda-feira, ao deixar o hospital, Marçal afirmou que “a culpa é sempre de quem é agredido no país” e criticou a postura da imprensa, acusando-a de relativizar o ocorrido. Ele declarou: “Quero dar os parabéns à maior parte da imprensa, que está passando pano.”
Em um vídeo gravado no hospital, o influenciador expressou surpresa por nenhum dos outros candidatos ter demonstrado solidariedade após o incidente. Em nota divulgada por sua assessoria, Marçal afirmou que, se o autor da cadeirada fosse “pobre, negro e de periferia”, já estaria preso.