Foi um bom programa. Até Vera Magalhães (toc, toc, toc) trabalhou como se esperava. Malu Gaspar, com sangue no olho, tentou se redimir dos elogios ao canalha numa “análise” psicótica no Globo. Jornalistas afiados, que resolveram fazer o óbvio: parar de servir de escada para o picareta fascista Pablo Marçal.
No “Roda Viva” da TV Cultura, um Marçal que começou com a arrogância costumeira foi reduzido à condição de balão cheio de pó e confessou, resignado, sua ligação com o PCC.
Acusou o vice-presidente Geraldo Alckmin de ter sido um “bunda mole” durante seus mandatos como governador de São Paulo em relação ao combate à maior organização criminosa do Brasil. Por isso ele, Marçal, era cercado de gente da facção.
Segundo o candidato a prefeito de São Paulo, Alckmin “não teve coragem de fazer o que precisava ser feito” e, como consequência, “agora tem que aguentar, o PCC tá infiltrado em tudo”.
O Metrópoles apontou que um empresário acusado de fazer parte do PCC foi contratado por Marçal para representar uma de suas empresas aeronáuticas. Marçal defendeu-se, minimizando o papel do sujeito como “despachante aéreo” em uma transação isolada. Além disso, comentou sobre as acusações que envolvem Leonardo Avalanche, presidente do PRTB, seu partido.
“Se o Leonardo [Avalanche] é do PCC, por que ele recebeu uma notificação de despejo? Cadê o dinheiro do PCC para ajudar?”, questionou.
A situação de Pablo Marçal evoca a história de Pablo Escobar. Assim como Escobar, que inicialmente infiltrou-se na política colombiana tentando disfarçar suas operações ilícitas, Marçal expõe o entrelaçamento quase natural entre a política e o narcotráfico.
A entrevista no “Roda Viva” ofereceu um vislumbre perturbador do narcoestado e de seus facilitadores. As alegações e defesas mambembes do ex-coach dão vista privilegiado para uma São Paulo comandada por um fantoche do Primeiro Comando da Capital. Essa é a vista que teremos do prédio de 800 metros que ele promete construir.