
O ex-coach Pablo Marçal (PRTB), terceiro colocado nas eleições para a Prefeitura de São Paulo, está em negociações com o União Brasil visando a eleição presidencial de 2026. O movimento coloca o influenciador em rota de colisão com Ronaldo Caiado, atual governador de Goiás e nome forte do partido para a mesma disputa. Os dois goianos têm uma relação cordial, e o governador já sinalizou que não vetaria a filiação de Marçal, embora insista que ele mesmo é o pré-candidato do partido ao Planalto.
As negociações foram confirmadas tanto pelo ex-coach quanto por Antonio Rueda, presidente do União Brasil. Em entrevista ao Estadão, Rueda enfatizou que qualquer candidatura de Marçal dependeria de sua filiação ao partido, destacando que o nome de Caiado é, por ora, o escolhido para a candidatura presidencial. Um aliado de político do PRTB sugeriu que sua filiação ao partido poderia ocorrer já no primeiro semestre de 2024.
Ambos os pré-candidatos, Marçal e Caiado compartilham um histórico de atritos com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de quem se distanciaram na última eleição. O influencer de extrema-direita, em particular, exigiu até que o ex-presidente devolvesse doações feitas para a campanha de 2022. No último dia 1º, ele voltou a criticar o ex-presidente publicamente, sugerindo que Bolsonaro deveria “cuidar da vida”.
Marçal já havia considerado concorrer ao governo de São Paulo ou à Presidência, mas tem focado cada vez mais na candidatura presidencial. Em pesquisa recente da Genial/Quaest, ele apareceu com 18% das intenções de voto, em empate técnico com Tarcísio de Freitas (15%) e atrás apenas do presidente Lula, que lidera com 32%. A pesquisa, porém, não incluiu Caiado, levantando dúvidas sobre o apoio interno à candidatura de Marçal.
A possível filiação do ex-coach ao União Brasil não é unânime. Leonardo Avalanche, presidente do PRTB, afirmou que a filiação ao partido seria um “canto da sereia”, alertando que o empresário poderia acabar subordinado aos interesses dos “caciques” do partido, o que poderia limitar suas chances de crescimento interno. Avalanche declarou que o PRTB considera Marçal o candidato ideal para 2026 e o incentivou a permanecer na sigla.

Além disso, o influenciador enfrenta um cenário jurídico complicado. Na véspera do primeiro turno das eleições, ele publicou um laudo médico falso acusando Guilherme Boulos (PSOL), seu adversário na corrida pela Prefeitura de São Paulo, de ser usuário de drogas. Esse episódio levou à abertura de cinco inquéritos na Polícia Federal, além de outras ações movidas na Justiça Eleitoral.
Especialistas avaliam que ele pode enfrentar uma pena de inelegibilidade de até oito anos, o que inviabilizaria sua candidatura. Até o momento, Marçal não se manifestou sobre os processos.
A aproximação dele com o União Brasil começou ainda na fase de pré-campanha à Prefeitura de São Paulo, quando ele buscou o apoio do partido para sua candidatura. Porém, a legenda optou por apoiar Ricardo Nunes (MDB), que terminou em primeiro lugar na eleição municipal. Marçal obteve 28,14% dos votos, ficando em terceiro lugar, pouco atrás de Nunes e Guilherme Boulos.
Apesar do desempenho expressivo, ele declarou, logo após a derrota, que não pretende disputar novamente a prefeitura nem o Legislativo. “Vocês não vão me ver disputando a Prefeitura de São Paulo nunca mais. Vocês [também] não vão me ver disputando o Legislativo. Então, só tem dois caminhos: um governo do Estado ou a Presidência do Brasil”, afirmou.
Conheça as redes sociais do DCM:
⚪️Facebook: https://www.facebook.com/diariodocentrodomundo
?Threads: https://www.threads.net/@dcm_on_line