Marcelo Odebrecht acusa o pai, Emílio, e o irmão, Maurício, de extorsão em documentos protocolados na Justiça de São Paulo e na da Bahia.
Conforme reportagem da colunista Malu Gaspar, do O Globo, o empresário diz que eles condicionaram o fechamento de um acordo que estava sendo negociado com o grupo Odebrecht a que ele entregasse, de graça, aos dois a sua participação de 20,9% numa firma chamada EAO empreendimentos, que inclui fazendas e obras de arte da família.
As negociações estavam sendo feitas de forma confidencial. O próprio Marcelo confirma, nos documentos, ter feito gravações das conversas com negociadores indicados por Emílio, ao perceber que o acordo não daria certo.
São essas as gravações, transcrições de diálogos e mensagens eletrônicas trocadas até com os pais, que Marcelo entregou entregou à Justiça. Elas sugerem que a proposta para encerrar a briga entre Marcelo e o grupo empresarial previa que ele desse sua parte na EAO como contrapartida. Os negociadores afirmam ter proposto um pagamento de R$ 30 milhões, que Marcelo dispensou.
Para Marcelo, sua parte nas fazendas, registrada com valor de R$ 74 milhões, vale na verdade entre R$ 150 e R$ 200 milhões. Isso levaria a empresa a um valor entre R$ 600 e os R$ 800 milhões. Em 2016, em meio ao processo de recuperação judicial da Odebrecht, a firma foi avaliada em R$ 375 milhões.
Marcelo acusa Emílio e Maurício de usar a Odebrecht para conseguir vantagens particulares às custas de seu patrimônio pessoal. Ele diz que suas ações da EAO são hoje todo o seu patrimônio.
“O objetivo da chicana que as apeladas (a Odebrecht e a Odebrecht SA) movem contra ele e sua família nunca foi de questionar os acordos firmados”, diz ele, sobre o fato de que as ações que o grupo empresarial move contra ele não seriam para fazê-lo devolver os valores que a empresa pagou para que ele fechasse o acordo de delação com a Lava Jato. “Trata-se unicamente de uma tentativa espúria de usar a Justiça para fazer calar, retaliar e extorquir”.
Em São Paulo, correm as duas ações que a Odebrecht move contra Marcelo, sua esposa, Isabela, e suas filhas. Os processos estavam suspensos desde setembro do ano passado, para que ele e a companhia negociassem um acordo, no entanto, no último dia 10 as negociações se encerraram por causa da questão das fazendas.
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