Marcos do Val foge do Brasil e vai para os EUA mesmo com passaporte bloqueado

Atualizado em 24 de julho de 2025 às 18:21
O senador Marcos do Val. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O senador Marcos do Val (Podemos-ES), alvo de investigações no Supremo Tribunal Federal (STF), viajou para Miami, nos Estados Unidos, no dia 23 de julho, mesmo tendo os passaportes comum e diplomático bloqueados por ordem do ministro Alexandre de Moraes.

A entrada do parlamentar em território americano foi confirmada por autoridades alfandegárias dos EUA e admitida pelo próprio senador ao UOL.

Apesar da decisão judicial que manteve o bloqueio dos documentos em março deste ano, Do Val embarcou em um voo que partiu de Manaus utilizando o passaporte diplomático, o mesmo que, segundo ele, não estava em sua posse na ocasião da apreensão do passaporte comum.

Durante a viagem, o senador foi reconhecido e cumprimentado por tripulantes da aeronave. “Estou dentro da lei, seguindo a lei. Se tinha um bloqueio, como é que eu saí? Tem que perguntar para a Polícia Federal”, afirmou.

O senador é investigado por crimes como tentativa de golpe de Estado, organização criminosa, associação para o crime e divulgação de documentos sigilosos. A apuração corre sob sigilo no STF. Perturbado e sob efeito de substâncias estupefaciantes, Do Val grava vídeos delirantes com ataques tarados a Alexandre de Moraes.

Em junho de 2023, ele foi alvo de operação da Polícia Federal após afirmar que o ex-presidente Jair Bolsonaro teria tentado envolvê-lo em um plano golpista. Na ação, foram apreendidos seus dispositivos eletrônicos e uma pistola Glock, ainda retida pela PF por decisão judicial.

Do Val, que teve suas redes sociais suspensas desde que passou a ser investigado por intimidação contra um delegado da PF, enviou à reportagem três documentos em PDF para embasar sua defesa. Nenhum deles é reconhecido oficialmente. Os arquivos tratam da suposta ilegalidade da decisão do STF e incluem um ofício de direitos humanos da Suíça, sem valor jurídico no Brasil.

O Itamaraty afirmou desconhecer a viagem e declarou que a responsabilidade é da Polícia Federal. Fontes da PF confirmaram que o passaporte comum do senador foi efetivamente apreendido e bloqueado no sistema desde agosto de 2024, mas o diplomático permaneceu sob posse dele. Em suas declarações recentes, o senador elevou o tom contra Moraes: “Isso vai mostrar que Alexandre está derrotado, já acabou. Acabou Alexandre. A decisão é ilegal”.