Marido bolsonarista de ex-presidente do PSL de Taubaté é preso com 100 kg de pasta base de cocaína

Atualizado em 13 de agosto de 2020 às 15:20
Chicão ao lado da esposa, Jamila Coimbra, ex-presidente do PSL de Taubaté
Foto: Reprodução/Facebook

Publicado originalmente no site O Vale.

Militante de grupos de direita da região e marido da ex-presidente do PSL de Taubaté, o ex-policial civil Francisco de Paula Santos de Freitas, conhecido como Chicão, foi preso esse mês com mais de 100 quilos de pasta base de cocaína.

A droga, avaliada em mais de R$ 5 milhões, estava em um fundo falso da caminhonete que Chicão dirigia pela BR-465, a antiga Rio-São Paulo. A prisão, feita em ação conjunta da PRF (Polícia Rodoviária Federal) e da Polícia Civil, ocorreu no último dia 3 em Seropédica (RJ).

O carregamento seria levado para o Complexo da Maré, no Rio de Janeiro. Chicão é considerado pela polícia um dos maiores fornecedores de armas e drogas de facções criminosas do Rio e de São Paulo.

Essa não foi a primeira vez em que Chicão foi preso. Em 2004, o então policial foi preso após sequestrar um traficante no bairro Parque Três Marias, em Taubaté, e exigir pagamento de R$ 100 mil como resgate. Por esse crime (extorsão mediante sequestro), ele foi condenado a oito anos de reclusão em 2007.

POLÍTICA.

Em agosto de 2017, Jamila Coimbra, esposa de Chicão, assumiu a presidência do PSL de Taubaté para um mandato de dois anos. A reportagem ouviu pessoas que participaram da montagem do partido naquela época – segundo elas, embora não fizesse parte da executiva, era o ex-policial quem comandava a legenda efetivamente, sendo responsável principalmente pelas questões financeiras. “Era ele [Chicão] quem decidia sobre os recursos [financeiros] do partido e sobre as ações dos movimentos de direita [de Taubaté]. As decisões financeiras passavam por ele”, disse uma das pessoas ouvidas, sob a condição de anonimato.

No fim de 2019, após a saída do presidente Jair Bolsonaro do PSL, Jamila e o marido também deixaram o partido. Ato contínuo, o casal passou a organizar eventos para coletar assinaturas para a criação do Aliança pelo Brasil, legenda que Bolsonaro pretende criar.

Nos últimos anos, Chicão e Jamila também fizeram parte de outro grupo de direita da cidade, o Conservadores Direita Taubaté.

REAÇÃO.

Jamila foi procurada pela reportagem para comentar a prisão do marido, mas não quis se pronunciar. O jornal não conseguiu identificar quem seria o advogado que representa Chicão.

Formado por assessores políticos do prefeito Ortiz Junior (PSDB), o grupo que comanda o PSL de Taubaté desde junho de 2020 alegou não ter nenhuma ligação com Jamila e Chicão. “Isso não diz respeito à nossa gestão, lembrando que a esposa dele [Chicão] foi do partido e hoje não faz mais parte. PSL nada tem a declarar quanto ao caso”, disse o atual presidente da legenda, Carlos Alberto da Silva Junior.

Líder do Conservadores Direita Taubaté, Alberto Barreto da Costa disse que sabia que Chicão havia sido condenado no passado, mas afirmou que acreditava que o ex-policial não tivesse mais ligação com o crime. “Nós conhecemos a esposa do Francisco na campanha de 2018. Ela era presidente do PSL de Taubaté à época, e nos convidou para fazer parte do PSL e ajudar a reestruturar o partido. Ficamos sabendo do passado do Francisco e da pena que cumpriu. Perguntamos a ele sobre esse episódio e ele nos disse que era verdade, porém desde que cumpriu sua pena em 2009, não se envolveu mais com a criminalidade, e que tinha pago sua dívida com a sociedade, e que agora estava levando a vida de forma honesta e que não queria mais se envolver com o crime”, disse. “Recebemos com muita tristeza a notícia do ocorrido [da nova prisão]. Tristeza por saber que ele se desviou do caminho do bem”, acrescentou. “Somos extremamente contra as drogas. E saber que ele estava fazendo tráfico de drogas nos chocou muito. Lamentamos o caminho que ele escolheu, mas ele terá que pagar pelo que cometeu no rigor da lei”, concluiu.