Marielle, o Exército, as milícias e o futuro. Por Gilberto Maringoni

Atualizado em 9 de março de 2019 às 19:00
Marielle

Publicado originalmente no perfil do autor no Facebook

É verdadeiramente impressionante a amplitude, a potência e a legitimidade que a imagem de Marielle atingiu. Tornou-se um símbolo defendido por todas as vertentes do pensamento e das movimentações democráticas no Brasil, com fortes repercussões externas.

Ao chegarmos a um ano de impunidade sobre seu assassinato e de Anderson, após longos meses de intervenção federal no Rio de Janeiro, o que se ressalta não é a inépcia das forças de segurança em esclarecerem o crime.

O que fica é a convivência impune – no mesmo espaço geográfico – entre o Exército e as milícias, sem que a ação dessas últimas tenha sequer se reduzido de forma significativa. E sem que o esclarecimento do assassinato tenha caminhado minimamente.

Temos hoje um governo que sela uma aliança entre setores do Exército e representantes milicianos. É muito provável que a chave dessa articulação esteja no Rio de Janeiro de 2018.

Assim, é preciso ver que além da memória de Marielle soldar um vigoroso amálgama entre várias esferas do mundo da política, da cultura e da sociedade em geral, sua imagem também é uma denúncia concreta do arranjo de extrema-direita que se constrói no país.

“Marielle vive!” é uma palavra de ordem que não diz respeito ao passado. Aponta para o futuro, contra a violência como motor da atividade política.