Marina atribui o fato de ser campeã de rejeição em pesquisa ao machismo e não aos próprios erros

Atualizado em 9 de março de 2021 às 10:01
Marina e Aécio Neves

Em artigo publicado no Facebook, a ex-senador Marina Silva reclama da rejeição que recebeu numa pesquisa eleitoral sobre 2022.

Ela foi a mais reprovada entre todos os possíveis candidatos, incluindo Jair Bolsonaro, mas atribuiu a rejeição ao machismo e não aos seus próprios erros, como por exemplo o apoio a Aécio Neves no 2o. turno das eleições presidenciais de 2014.

Leia abaixo o desabafo de Marina:

Uma entre dez. E em meio a 10 personalidades políticas, possíveis postulantes ao posto de presidente do país, sou a mais rejeitada. Para essas pessoas, sou, talvez, a que representa maior prejuízo à nação, ainda que pesquisas sejam apenas um retrato do momento.

Deve ser mesmo muito perigoso ser alguém que, apesar de tudo, inclusive de seus próprios erros, ainda consegue ser a única mulher a figurar em meio aos nove homens que, independentemente de suas vontades (exceto Bolsonaro, pois é isso mesmo que ele quer), nessa semana, do Dia Internacional da Mulher, materializam em números o desenho do ethos machista e patriarcal do imaginário político da maioria de nosso país.

Olhemos para o fato de ter apenas uma entre 10. Mulher preta, analfabeta até os 16 anos, ambientalista, de um partido pequeno e pouco conhecido, com opinião própria e independência, queimada por uma década nas fogueiras virtuais das fake News, de aparência nada condizente com os “padrões” preestabelecidos para presidir um país. Por isso, sem desconhecer ou negar os 59% de rejeição, celebro a lembrança positiva de 21% das pessoas.

Haverá, certamente, os que vão dizer que esses números são apenas uma rejeição a mim e não guardam qualquer relação com o machismo estrutural. Mas, relembro, #1/10. E não é por falta de mulheres destacadas no ambiente fechado e agressivo da política. Somos muitas em todos os segmentos da sociedade.

Rejeita-se uma, existem outras. Rejeitem-nas, outras virão! Já não podem nos silenciar. Já não podem nos subtrair, pois nos multiplicamos. Os assassinos de Marielle tremem diante de seu sorriso nos muros das cidades e de suas ideias em suas sucessoras. E todas as outras, e aqui também me incluo, que tem semeado o terreno árido da política com as sementes de um Brasil justo, próspero e sustentável, também encontrarão quem respeite e continue seu trabalho. Uma minoria? Por enquanto.

Em 8 de março de 2021, saúdo as mulheres que trabalham pela saúde do planeta e relembro a necessidade de construir um Brasil com mais equidade para as jovens mulheres que nos sucedem e sucederão.