Marina: Há forte suspeita que ‘Dia do Fogo’ esteja acontecendo de novo

Atualizado em 25 de agosto de 2024 às 17:32
O chamado “Dia do Fogo” ocorreu em 2019, no governo Bolsonaro, quando ruralistas se uniram para atear fogo em áreas da Amazônia, no Pará – Bruno Kelly/Wikipedia Commons

A ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas afirmou neste domingo (25) que há uma ‘forte suspeita’ de que os incêndios que se propagam pelo estado de São Paulo ao longo do final de semana foram provocados por ação humana.

A chefe da pasta esteve em reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, entre outras autoridades

“Da mesma forma que tivemos o Dia do Fogo há uma forte suspeita que agora esteja acontecendo de novo”, afirmou a ministra, se referindo ao caso que aconteceu em 2019, quando fazendeiros combinaram em um grupo de aplicativo atear fogo em áreas da Amazônia, no estado do Pará.

“Em São Paulo não é natural, em hipótese alguma, que em poucos dias tenham tantas frentes de incêndio envolvendo vários municípios. Mas obviamente que isso as investigações vão dizer”, complementou.

A reunião aconteceu na sede da Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), em Brasília (DF), órgão que atua em cooperação com as Superintendências Estaduais do Ibama.

Também neste domingo, a Polícia Federal confirmou que vai iniciar 31 investigações, em todo país, sobre a origem dos incêndios.

Brasília amanheceu neste domingo (25) coberta por fumaça proveniente de queimadas em outras regiões do país. Contribui para o fenômeno a seca na capital federal, onde não chove há mais de 120 dias.

São Paulo está sob estado de emergência, decretado pelo governo paulista, desde sábado (24) à noite. Na mesma hora, o governo federal anunciou apoio nas operações de combate ao fogo com o envio de aeronaves.

Desde o início dos incêndios, duas pessoas foram presas acusadas de terem provocado fogo pela região. Segundo o governo de São Paulo, um suspeito foi detido na região de São José do Rio Preto (SP) no sábado e outro no domingo, em Batatais (SP).

São Paulo bateu recorde nacional na sexta-feira (23) com mais de 2,3 mil focos de incêndio. Ao longo do final de semana, moradores da região enfrentam voos cancelados, instabilidade no sinal de internet, atividades ao ar livre interrompidas, pessoas precisando evacuar suas casas, além de problemas respiratórios.

A ministra dos Povos Indígena, Sonia Guajajara, afirmou pelas redes sociais que a crise vivida em São Paulo é resultado do “modelo de produção predatório que destrói o meio ambiente e a vida das pessoas”.

“O planeta está dando todos os sinais de que não suporta mais a maneira como vem sendo explorado”, afirmou a ministra que também se solidarizou com a população do estado.

Ainda no sábado, em entrevista ao Brasil de Fato, a ministra Marina Silva associou a atual crise com os efeitos das mudanças climáticas.

“Infelizmente a gente está vivendo uma situação que reflete aquilo que não foi feito há mais de 30 anos e está fazendo com que a gente pague um preço alto. A mudança climática já é uma realidade. Os eventos extremos, chuva, seca, alta temperatura e vento são uma realidade que estão destruindo não só a Amazônia e o Pantanal”.

Originalmente publicado por Brasil de Fato