Marina Silva e Marco Feliciano são, essencialmente, a mesma coisa?

Atualizado em 16 de maio de 2013 às 1:51

O que está por trás da defesa do deputado do PSC.

Em culto da Assembleia de Deus
Em culto da Assembleia de Deus

Marina Silva, você sabe, saiu numa defesa atabalhoada do deputado Marco Feliciano. Como afirmamos no Diário, num post que se tornou viral, foi o fim de uma promessa de renovação. Numa longa e confusa peroração sobre o estado laico, em que cita a Bíblia algumas vezes, ela disse o seguinte no auditório da Universidade Católica de Pernambuco:

“Feliciano está sendo criticado por ser evangélico e não por suas posições políticas equivocadas”.

“Se porventura ele fosse ateu, eu não gostaria de dizer que as posições equivocadas dele eram porque ele é ateu”. Fez analogias semelhantes com judeus e espíritas.

Diante da reação negativa,  tentou se emendar. Disse no Twitter que suas palavras foram distorcidas e deu o link de uma matéria do mês passado, em que afirmava que o pastor é despreparado para a Comissão de Direitos Humanos.

Embora se apresente como uma alternativa a “tudo isso que está aí”, num partido que não é, segundo ela mesma, de direita e nem de esquerda, Marina não é, essencialmente, diferente de Feliciano em suas convicções. Feliciano talvez seja apenas mais tosco e transparente em seu obscurantismo.

Marina foi ordenada evangelista da Assembleia de Deus — aliás, Silas Malafaia é da Assembleia de Deus Vitória em Cristo. Segue a orientação de sua igreja: é contra pesquisas com células tronco embrionárias, o casamento entre pessoas do mesmo sexo, o aborto e a legalização da maconha.

Defendeu também o ensino do criacionismo nas escolas. Quando confrontada, procura sempre uma saída marota para aliviar suas posições conservadoras. A tal “crise civilizatória” que ela vive mencionando não é nada além de uma crença apocalíptica.

Marina já se mostrou empolgada com o crescimento da bancada evangélica em 2006, numa reunião com líderes protestantes. “Você pode escolher ser um político que tem a esperteza do mundo ou um político que tem o Espírito de Deus. A esperteza do mundo é passageira e se você a escolher saiba que a primeira coisa que vai acontecer é que o Espírito de Deus irá se afastar de você.”

E ainda: “Temos nossa parcela para oferecer para a política, para a economia e para todos os setores da sociedade. A Palavra de Deus nos ensina em quem devemos votar. Basta olharmos o que diz e compararmos com os candidatos. Se ele se encaixar nos princípios bíblicos merece nosso voto.”

Que parcela para oferecer? Que princípios bíblicos? Que estado laico sobreviveria a isso? Marina quer o voto dos evangélicos. Seja como for, ela precisa combinar melhor o jogo com seu time. Num texto do site oficial da Rede, lê-se o seguinte: “O grosso do voto evangélico é orientado por lideranças das mais pragmáticas. Sempre de olho em boquinha no governo seguinte, bispos e pastores mostram-se tarimbados pelegos ao negociar com os favoritos ao segundo turno”.