
Arquiteto formado na Universidade de São Paulo, o jornalista e historiador Gilberto Maringoni de Oliveira foi candidato a governador de São Paulo pelo Psol e hoje dá aulas na Universidade Federal do ABC.
Cartunista, já ganhou o prêmio principal do Salão de Humor de Piracicaba. Ele também é escritor, autor de um livro que se tornou referência, A Venezuela que se inventa, sobre o chavismo.
Nascido em Bauru, foi colega de classe de nosso colega Luiz Carlos Azenha no Grupo Escolar Rodrigues de Abreu, daí o tom amistoso e às vezes jocoso da entrevista — com a esperança de que o vento minuano, característico do Rio Grande do Sul, passe por Bauru e derrube a estátua que Luciano Hang, da Havan, instalou bem na entrada da cidade.
Parte da entrevista, aliás, é dedicada à transformação de Bauru de uma cidade progressista num importante centro do bolsonarismo, de onde sairam o ministro astronauta e outros integrantes do governo que estudaram na Instituição Toledo de Ensino (ITE).
O ponto central da conversa é a ameaça de Jair Bolsonaro à democracia. Maringoni acredita que vivemos a maior crise desde 1964, com o ocupante do Planalto desorganizando as instituições e preparando um apelo aos 15% a 20% dos fanáticos que o apoiam para deslegitimar as eleições de 2022.
Maringoni acha que Bolsonaro quer repetir Donald Trump, que de surpresa convocou seus apoiadores a ocupar o Capitólio.
Para isso, ele conta com o seu “Centrão de fuzil”, o grupo de militares que, na opinião de Maringoni, aderiu ao governo especialmente em busca de benefícios econômicos e tem demonstrado toda sua incompetência e corrupção.
São generais como Eduardo Pazuello, que apesar de ser da ativa, subiu a um palanque em uma manifestação política, o que é vedado pelas regras das próprias Forças Armadas.
A desmoralização generalizada das instituições, aliás, serve a Bolsonaro, uma vez que ele encontra alvos fáceis sobre os quais atirar seus seguidores na suposta de tentativa de “mudar tudo o que está aí”.
Na defensiva, relembra Maringoni, Bolsonaro não age racionalmente, mas detona várias granadas ao mesmo tempo, tentando confundir o adversário.
É o “mau militar”, conforme foi descrito pelo ex-ditador Ernesto Geisel.
Na conversa (íntegra acima), entrevistador e entrevistado mencionam a grande metrópole de Marília, berço do jornalista José Arbex Jr., situada no que é conhecido como a Grande Bauru (existe uma rivalidade histórica entre os dois centros urbanos).
Eles também falam sobre o Esporte Clube Noroeste, o “Vermelhinho da Vila Pacífico”, que hoje lidera a série A-3 do Campeonato Paulista com 28 pontos, contra 27 do Barretos e da Votuporanguense.