Mario Frias e o problema dos bolsonaristas com vibradores. Por Nathalí

Atualizado em 25 de setembro de 2020 às 11:20
Mario Frias. Foto: Reprodução

O pavor/repulsa dos bolsonaristas diante de vibradores é um sintoma curioso desse moralismo grotesco naturalizado entre eles. 

Parece que, assim como o “comunismo” equivale ao velho do saco para humanos de capacidade cognitiva limitada (os bolsominions de modo geral), qualquer objeto fálico denota para eles o próprio pecado. Quando se trata de consolos, nem as barbies fascistas da vida escapam ao julgamento (que o diga Luana Piovani, dona do vibrador mais famoso do Brasil).

Some-se a isso o fato de homem sem noção jamais perder uma oportunidade de ficar calado, e o resultado é o infeliz comentário de Mario Frias, o atual ministro da cultura do Governo Bolsonaro (céus, como dói saber disso), que comentou, sem que ninguém tenha perguntado, que Fernanda Paes Leme “deve ter uma vida muito solitária” na época em que viralizaram fotos de um vibrador no quarto da atriz.

É surreal pensar que esse seja o tipo de coisa da qual o Ministro da Cultura se ocupe (os vibradores e a vida sexual alheia), mas a melhor parte está por vir: a resposta de Fernanda Paes Leme, postada em uma rede social, poderia tranquilamente fazer parte de um tratado sobre a masculinidade frágil dos bolsonaristas.

“Nem precisaria, mas vou responder ao secretário… Não se preocupa, Mario Frias. Eu não sou solitária, eu estive sozinha apenas durante minha recuperação de covid, porque, ao contrário dos membros do governo, eu levo muito a sério a doença e a vida das pessoas. Mas no geral eu não tenho tempo de ficar sozinha, porque eu trabalho muito, eu sou artista sabe como é?! Não?! Bom, eu tenho família, amigos, tenho dates, tenho paqueras, tenho um vibrador novo, então realmente, não se preocupe com o quanto eu possa estar solitária, pq eu não sou e não estou (…) eu juro que não me incomoda o que você acha de mim (…) mas então por que eu decidi fazer esse post? Porque além de um bom vibrador, expor macho fragilizado e limitado também me dá prazer.” (pxxiiii)

Rainha, né?

Em um parágrafo, ela expôs os equívocos do Ministro, a falta de talento do Ministro como artista (e também como Ministro), o descaso do Ministro diante da Covid e, de quebra, seu total desconhecimento acerca das mulheres e do prazer feminino.

Além da icônica escaldação, como se diz aqui na Bahia, o relato da atriz traz algo de revelador: bolsonaristas detestam consolos porque se sentem ameaçados pelo fato de mulheres poderem ter prazer sozinhas (mesmo estando em relacionamentos, estáveis ou não, com outros homens).

Mulher que goza sozinha é uma pedra no sapato dos homens inseguros. No fundo, eles temem que um bom vibrador torne um homem merda (como Mario Frias) completamente dispensável, e não estão assim tão errados.

O caso é que os caras confiam tanto no próprio taco que revelam medo de serem substituídos por vibradores (quando só se tem (se muito, né, Dória?!), um pau duro a oferecer, esse medo é até válido e compreensível).

Pedaços de borracha em formato fálico, é a isso que homens limitados como Mario Frias reduzem a si próprios.

Aí vêm as armas, os carros, as fotos sem camisa no Tinder… tudo o que eles fazem para se tornarem mais másculos apenas expõe ainda mais a fragilidade que querem esconder, a dúvida profunda a respeito de si mesmos.

O único conselho possível para o momento é o seguinte: bolsonaristas, deixem os vibradores alheios de lado e procurem uma terapia.