Provando mais uma vez que a mamata está longe, muito longe de acabar, o secretário de cultura Mario Frias nomeou a noiva de um deputado e aliado político para um cargo em sua secretaria.
Lais Sant’Anna Soares, noiva do deputado federal bolsonarista Carlos Jordy (PSL-RJ), foi nomeada para o cargo de coordenadora de inovação no departamento de Empreendedorismo Cultural no início do mês.
Laís é advogada recém-formada, que só trabalhou no escritório da família e não tem qualquer formação ou experiência na área de inovação. É isso mesmo: obedecendo ao famigerado “critério técnico” para as escolhas do governo, Frias nomeou uma advogada para trabalhar com empreendedorismo cultural, e isso faz tanto sentido quanto todo o resto.
Questionado sobre a escolha, o deputado deu uma resposta um tanto quanto atravessada. Em entrevista ao programa Morning Show, na Jovem Pan, ele respondeu, visivelmente irritado: “Preferia a esposa do Lula?”
Não sei se o ex-malhação está informado, mas a esposa do Lula está morta, vítima, em grande parte, da perseguição política empreendida contra seu marido e ela própria, e alvo de escárnio de bolsonaristas como ele, que promovem um desavergonhado linchamento pós-morte àqueles que consideram não adversários, mas inimigos políticos.
E a noiva de Lula, Janja, certamente não se prestaria a este papel, Secretário. Mas nós compreendemos que, para um fã, é muito difícil tirar o nome de seu ídolo da boca, mesmo quando o assunto não tem qualquer relação com o dito cujo.
Aliás, na mesma entrevista exaltada – e também isenta de qualquer coerência – concedida à Jovem Pan, Frias argumenta que “a menina [Laís] preenche todos os currículos, é do grupo político, está trabalhando aqui com a gente.”
Bem, se não ter qualquer formação ou experiência na área para a qual o cargo comissionado está sendo ofertado é “preencher todos os currículos”, então ela preenche, sim.
Receio, entretanto, que o conceito de “preencher todos os currículos” está mais ligado a ter os amigos certos: Tanto Jordy quanto Frias são amigos de Eduardo Bolsonaro, e parecem viver como se cargo público fosse presente de casamento pra oferecer aos amigos.
Além de Laís, o cunhado de Mario Frias também não perde a mamata: está na Folha de pagamento da Embratur, um cargo de confiança com um salário de quase 20 mil. A Embratur é um órgão da Secretaria do Turismo, pasta à qual Frias está subordinado. Como tenho dito: só não vê quem não quer.
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O estrago que essa infeliz escolha deste infeliz governo tem feito nos setores da cultura deste país são de dificílima reversão. Além de empregar os parentes, amigos e agregados, Mario frias contratou um olavista para comandar a Secretaria de Economia Criativa e Diversidade Cultural (parece matéria do Sensacionalista, mas é a nossa tragicômica realidade), e, quando não está ocupado sendo o inimigo número 1 da cultura, a Nova York com o nosso dinheiro: na última viagem, foram 39 mil gastos no cartão corporativo em apenas quatro dias, ao longo dos quais ele participou de apenas três reuniões.
Como diria mainha: assim é melhor do que pescar.
Mas a mamata acabou, sim.
Pode confiar.
Por Nathalí
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