Marta, a ‘Rainha das Taxas’, foi a primeira vítima do ‘moralismo falso’ tucano

Atualizado em 23 de dezembro de 2020 às 11:01
Marta Suplicy, ex-prefeita de São Paulo – Foto: Reprodução

Depois de aderir ao golpe, passar vexame numa tentativa de voltar à prefeitura pelo MDB de Temer, e tentar a sorte no Solidariedade, Marta aceitou o convite de Bruno Covas (PSDB), prefeito de São Paulo, e vai ocupar o cargo de Secretária das Relações Internacionais.

Em nota publicada no Facebook, a ex-petista afirmou que irá ‘utilizar a experiência que tenho nesta área em benefício de minha cidade levou-me a aceitar esse novo desafio’.

Marta marcou o início da relação de ódio dos tucanos pelo PT que acabou resultando na crise que levou aos protestos de 2013, ao golpe contra Dilma e a prisão ilegal de Lula e a desgraça da eleição de Bolsonaro em 2018.

Antes de Aécio empreender a louca cavalgada que levou o país para o abismo, Marta, que governou SP entre 2001 a 2004, já havia sentido na pele a fúria dos tucanos. Na Câmara Municipal, os vereadores não lhe deram trégua um dia sequer – Marta chegou num nível de irritação que parou de cumprimentar Ricardo Montoro, filho do ex-governador Franco Montoro e um dos mais atuantes opositores.

Entre outras coisas, foi apelidada de ‘Martaxa, a Rainha das Taxas’ – sua gestão organizou uma derrama de impostos e chegou a sugerir a ‘taxa da coxinha’, para cobrar de quem faz salgadinhos em casa. A pegação no pé era tanta que os tucanos mandaram até lavar  a calçada da câmara com água de cheiro e baianas.

Certa vez, num evento no Largo de São Francisco, um aluno jogou uma galinha no palco onde a prefeita discursava para delírio da oposição. Foi um constrangimento.

A pressão foi tamanha que, a despeito de sua gestão ter sido avaliada como ‘boa’, não conseguiu se reeleger – o vitorioso foi José Serra, cuja grande obra foi deixar Gilberto Kassab em seu lugar tão logo pulou do trampolim para o governo do Estado.

Agora a ex-prefeita, ex-senadora e ex-ministra tenta a sorte de novo como secretária de Bruno, tucano que também é sócio de Temer no golpe e como Montoro estava no front desconstruindo a imagem da então prefeita, com base em argumentos nem sempre justos e honestos, dia sim, outro também.

Veja abaixo íntegra da nota publicada por Marta:

O convite do prefeito Bruno Covas para ocupar a Secretaria das Relações Internacionais da Prefeitura de São Paulo foi recebido por mim como uma grande honra e com muito entusiasmo.
Utilizar a experiência que tenho nesta área em benefício de minha cidade levou-me a aceitar esse novo desafio.
Sempre acreditei no instrumento do soft power e nas relações entre países e nos intercâmbios de todo tipo. Criei esta secretaria, quando prefeita, e ela tornou-se um dos polos de maior sucesso do nosso governo. Foi a partir da SRI que conseguimos avançar com São Paulo destacando-se como palco de importantes eventos mundiais. Trouxemos investimentos cinco vezes maiores que o orçamento da própria Secretaria.
Recordo que São Paulo teve excepcional protagonismo Internacional ocupando a presidência da CGLU (Cidades e Governos Locais Unidos) quando da fusão de cidades do mundo em uma única instituição e contando com 140 países membros, sendo considerada a “ONU” das cidades.
A decisão da gestão Bruno Covas de ter uma forte presença no cenário internacional mostra sua visão ampla e global, a noção clara da importância de protagonismo da quarta maior cidade do mundo em tempos tão difíceis e complexos.
Como secretária de Relações Internacionais do Município de São Paulo terei como prioridades:
1 ) RECURSOS INTERNACIONAIS:
A captação de recursos internacionais para um programa de obras públicas voltadas para o saneamento e canalização de córregos (BID, BANCO MUNDIAL, FAO, OIT, UNESCO, OMS e outras fontes de financiamento), tendo em vista o atual baixo grau de endividamento de São Paulo e maior potencial de captação.
2 ) MEIO AMBIENTE:
Posicionamento internacional da cidade de São Paulo na defesa do meio ambiente, contra o desmatamento de nossas florestas. Troca de sinergias e experiências de grandes metrópoles no caminho de cidades menos poluentes e melhores índices de sustentabilidade.
3) INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL/ VALE DO SILÍCIO PAULISTANO: Intercâmbio de experiências internacionais para a criação de um polo avançado de tecnologia e inovação na cidade de São Paulo, desenvolvimento e incentivo de startups em torno de programas voltados para Smart City/Cidade digital.
4) CIDADE DA DIVERSIDADE CULTURAL, ENFRENTAMENTO A TODO TIPO DE PRECONCEITO E FAROL DE COMBATE AO RACISMO ESTRUTURAL:
Desenvolvimento de eventos e programas de aprofundamento e afirmação de São Paulo como a cidade que defende, incentiva e desenvolve iniciativas relacionadas aos Direitos Humanos.
A Secretaria de Relações Internacionais abre inúmeras alternativas e caminhos. Este é um momento para grandes ações e parcerias nacionais e internacionais.
São Paulo conduz e, neste momento de trevas, pode ocupar um espaço privilegiado. Temos um prefeito recém-eleito com mais três milhões de votos, jovem, que pensa grande e é um político extremamente hábil.
Pensando em tudo isso, aceitei com muita alegria e disposição a incumbência de ser a secretária Internacional da Cidade de São Paulo.
Marta Suplicy
São Paulo,
22/12/2020

Nota à imprensa

O convite do prefeito Bruno Covas para ocupar a Secretaria das Relações Internacionais da Prefeitura de…

Publicado por Marta Suplicy em Terça-feira, 22 de dezembro de 2020