“Tinham que fazer uma estátua para Marta em São Paulo”, diz o ex-deputado Adriano Diogo

Marta selou sua entrada de vice na chapa de Boulos em um almoço

Atualizado em 14 de janeiro de 2024 às 8:59
Marta Suplicy e Guilherme Boulos. Foto: José Luís da Conceição/Instagram da Marta
Marta Suplicy e Guilherme Boulos. Foto: José Luís da Conceição/Instagram da Marta

Ex-secretário do Meio Ambiente da prefeitura de Marta Suplicy e ex-deputado estadual pelo PT em São Paulo, Adriano Diogo está otimista com a eleição para prefeito. 

Diogo recorda das obras de Marta com os CEUs, o Bilhete Único e faz comparações inevitáveis entre ela e a ex-prefeita Luiza Erundina (PSOL). O ex-secretário também lembra das parcerias que Marta Suplicy conseguiu, inclusive internacionais, para construir o planetário do Parque do Carmo.

A ex-prefeita Marta recebeu para almoço neste sábado (13) o pré-candidato Guilherme Boulos. Ela entrou em uma articulação para que ela deixasse a gestão Ricardo Nunes (MDB) e voltasse ao PT depois de nove anos para ser vice do psolista.

Após duas horas e meia do primeiro encontro público entre eles, Marta e Boulos apareceram na sacada, acenaram e deram as mãos. Boulos falou em minimizar divergências e fala em não olhar para o passado para reeditar parceria inspirada em Lula-Alckmin

Confira os principais trechos da entrevista de Adriano Diogo para Gilberto Maringoni no DCMTV.

“Marta fez um governo gigantesco”

Lula, Marta e Alckmin em 2004, quando ela era prefeita. Foto: Wikimedia Commons
Lula, Marta e Alckmin em 2004, quando ela era prefeita. Foto: Wikimedia Commons

Eu fui secretário do Meio Ambiente da Marta Suplicy nos 450 anos da cidade de São Paulo. A Erundina foi uma grande prefeita, primeiro porque ela rompeu o ciclo da ditadura e implantou um novo tipo de governo, de democracia popular.

Mas a Marta foi um governo maravilhoso. Espetacular. A Marta Suplicy tem marcas na periferia, como o Bilhete Único, os CEUs. A Marta fez um governo gigantesco. Ela não foi reeleita e, depois que passaram quatro anos, ela fez uma disputa de prévia sangrenta com Fernando Haddad.

Naquela ocasião, Marta foi humilhada e maltratada. Mesmo assim, se reciclou e recebeu a Dilma aqui em São Paulo. E viabilizou a candidatura da Dilma.

Foi uma das molas propulsoras da eleição da Dilma Rousseff. Depois, lá no governo, houve um desentendimento em que ela errou. Teve um simbolismo de levar flores para Janaina Paschoal perto daquela senadora do Rio Grande do Sul [Ana Amélia Lemos].

Ela errou. Mas a gente precisa ver na política os antecedentes. É uma maravilhosa notícia que a Marta volte ao PT. Eu era secretário do Meio Ambiente e a Marta transformou o parque do Ibirapuera na coisa mais espetacular.

A gestão construiu aquele auditório de música e a Marta conseguiu todo o financiamento. Ela refez todo o planetário. Deixou novinho novinho.

Ela transformou aquele prédio abandonado que era a sede da administração da prefeitura antes de vir para o Parque Dom Pedro. Transformou-o no museu Afro Brasil.

Marta Suplicy colocou os negros dentro do parque do Ibirapuera. Ela fez um planetário no Parque do Carmo. Do ponto de vista ambiental ela foi um gigante. Imagina você estabelecer um Bilhete Único na cidade de São Paulo integrada com todo o sistema de Céus que tinham salas de música, de concerto, na periferia? 

Ela fez as coisas mais espetaculares. Ela transformou o padrão educacional da cidade de São Paulo. Marta não é uma traidora. Ela foi a mola propulsora da eleição do Lula em 2002. Marta Suplicy articulou todo o financiamento de campanha dele.

E o Lula sabe disso. O presidente não é besta, entendeu? O Ricardo Nunes fez opção pelo bolsonarismo e ela foi lá. Entregou o cargo e jogou na cara dele, provavelmente, uma derrota espetacular da direita em São Paulo.

Erundina fez história com Paulo Freire. E Marta?

Marta Suplicy já foi vilipendiada e é corajosa. Ela era casada com o santo do Eduardo Suplicy e mesmo assim foi enxovalhada do ponto de vista ético, moral, feminino. Tinham que fazer uma estátua para ela na cidade de São Paulo.

Valiam estátuas para essas duas gigantescas mulheres. Embora ela não tenha uma história de nordestina paraibana como a Erundina. que derrotou aquela ditadura em 1988 no primeiro turno, a Marta deu um padrão para cidade de São Paulo.

Não dá para comparar o jeito com que a Marta se relacionava com a periferia ao do príncipe Fernando Haddad. Não tem comparação. Marta fez três CEUs em São Mateus, aquelas coisas espetaculares. Marta Suplicy brigou para que os uniforme escolar fosse de algodão, ela estabeleceu a fila nas creches, estabeleceu o critério único de matrícula na secretaria de Educação.

Erundina teve Paulo Freire como secretário, né? Mas a Marta transformou o CEU num novo padrão educacional da cidade. À noite ela pegou e transformou os CEUs em escola de alfabetização de adultos.

E ainda fez cursos como se fossem universidades populares dentro do CEU Universidade lá em Perus. Me lembro como se fosse ontem.

O planetário que a Marta Suplicy fez com apoio empresarial

Marta virou pra mim e disse: “Adriano, vem imediatamente aqui. Tem uma alemãzinha pequeninha aqui e eu não estou entendendo nada do que ela fala”.

Cheguei e falei “boa tarde”. Perguntei: quem é a senhora? Ela falou que era dona da fábrica Zeiss, de lentes para telescópios planetários. A senhora lembrou que São Paulo estava completando 450 anos e ela disse que ia doar um novo planetário pra cidade.

Ela queria doar um planetário mais espetacular que o de Nova York. Disse que nós não tínhamos dinheiro. A Marta Suplicy fez uma articulação para conseguir implantá-lo.

Procurou uma grande construtora e ela falou em colocar arquitetos que ela conhecia. Marta falou que um arquiteto que vendeu anos atrás para o prefeito Maluf um planetário espetacular caríssimo que nunca foi instalado. Achou as peças num depósito na Mooca.

Fomos lá. Eram caixas e caixas de lentes. Tudo bichada. Tudo com fungo. A moça disse que iria polir tudo na Alemanha, para devolver em duas semanas.

Onde é que eu vou pôr o planetário? Se perguntou a Marta. Tem que arrumar um prédio. Perguntei se ela não conhecia gente que poderia ajudar.

Marta Suplicy disse que o único cara que conhecia era o arquiteto doutor Mindlin. Ele achou a ideia maravilhosa. Eu fui com a alemã para lá.

A Telefônica construiu um prédio para a obra em 90 dias lá para criar o planetário do Carmo. A Marta era muito boa nessa rede de contatos.

Veja a live na íntegra.

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