
O ex-presidente do Peru, Martín Vizcarra, foi condenado a 14 anos de prisão por corrupção, em uma decisão tomada nesta quarta-feira (26). A sentença vem em um momento de crescente instabilidade política no país, ampliando a lista de ex-líderes peruanos detidos por crimes relacionados à corrupção. Atualmente, outros três ex-presidentes estão encarcerados: Alejandro Toledo, Ollanta Humala e Pedro Castillo, com acusações que variam de corrupção a rebelião.
Vizcarra, que governou o Peru de 2018 a 2020, foi acusado de ter recebido subornos de empresas de construção em troca de contratos públicos enquanto ainda era governador da região de Moquegua, no sul do Peru, entre 2011 e 2014. De acordo com as investigações, o valor total dos subornos recebidos teria sido de aproximadamente US$ 676 mil.
O julgamento de Vizcarra, que começou em outubro de 2024, foi marcado por sua negação das acusações, com o ex-presidente alegando que estava sendo alvo de uma perseguição política. A acusação foi uma das razões que levaram à sua remoção do cargo em 2020, após a pressão do Congresso, dois anos após assumir a presidência.
Ele foi afastado em meio a investigações de corrupção, envolvendo também a administração de seus predecessores. O ex-presidente sempre defendeu que sua gestão à frente do país foi pautada pela transparência e que os processos contra ele eram motivados por uma disputa política.
No entanto, sua condenação em primeira instância coloca fim a uma carreira política que parecia promissora após seu impeachment, em 2020. Desde então, ele tem se envolvido em questões políticas, sendo um conselheiro do partido “Peru Primero”, ao qual seu irmão Mario Vizcarra pretende se filiar na corrida presidencial de 2026.

A crise política no Peru, que se intensificou nos últimos anos, já resultou em seis trocas de presidentes desde 2018, agravada por processos de impeachment, renúncias e escândalos de corrupção que marcaram a administração de seus sucessores. Durante o governo de Vizcarra, o país experimentou um período de relativa estabilidade, mas logo foi abalado pelas investigações que culminaram em sua destituição.
Além disso, Vizcarra também foi o candidato mais votado nas eleições de 2021 para o Congresso, mas não pôde assumir um cargo público por dez anos, devido à decisão do Legislativo de impedi-lo de atuar em qualquer função pública, após sua dissolução do Congresso em 2019.
Este caso, em que Vizcarra enfrentou um confronto direto com o Legislativo, é um dos marcos de sua gestão política. A atual situação política do Peru, com o impeachment de presidentes e o crescente número de ex-líderes atrás das grades, coloca em foco os desafios institucionais e a luta contra a corrupção no país.
A sentença de Vizcarra segue o padrão de outras ações judiciais contra figuras políticas de alto escalão, que tentam reformular o sistema político e enfrentar as acusações que comprometem sua imagem pública.
O futuro político do ex-presidente permanece incerto, embora seu nome ainda seja discutido no cenário eleitoral. Seu irmão, Mario Vizcarra, deseja concorrer à presidência em 2026, com a esperança de restaurar a confiança do público em uma plataforma política.