Máscaras: Bolsonaro libera barbárie. Por Helena Chagas

Atualizado em 3 de julho de 2020 às 18:15
Jair Bolsonaro. Foto: AFP

Publicado originalmente no site Os Divergentes

POR HELENA CHAGAS

Não há mais qualquer possibilidade de comportamento civilizado diante de uma pandemia mortal quando é o próprio presidente da República quem veta o uso obrigatório de máscaras de proteção em comércios, igrejas e escolas. Foi o que fez Jair Bolsonaro nesta manhã, quando o Diário Oficial publicou os vetos ao projeto aprovado no mês passado tornando obrigatório, como é em boa parte do mundo, o uso de máscaras.

Bolsonaro e a polêmica das máscaras. (Essa está pelo avesso)

Só que nem tanto. O presidente manteve a obrigatoriedade do uso de máscaras em vias públicas, transporte coletivo e espaços públicos ou privados acessíveis ao público, mas cortou todo o trecho que citava as igrejas, escolas, estabelecimento comerciais e industriais. A alegação é de que, ao citar “demais locais fechados em que haja reunião de pessoas”, o texto é vago demais e poderia representar uma “violação de domicílio”

Liberou o uso de máscaras?

Com base nessa firula, que dificilmente seria questionada judicialmente, Jair Bolsonaro elimina o último baluarte de proteção coletiva contra a Covid-19. O presidente, que já dá péssimo exemplo ao não usar máscara em seus passeios e em aglomerações que promove – inclusive dentro do Planalto -, agora chancela o mau comportamento nas escolas, lojas, igrejas, etc. Liberou geral, e um dia Bolsonaro terá que explicar por que aos contaminados e às famílias dos que se contaminarem e não resistirem.

O Congresso pode – e deve – derrubar esse veto presidencial, mas quanto tempo levará para isso? Até lá, quantos brasileiros terão ido às compras sem máscara e adoecido neste momento em que os números do crescimento do coronavírus teimam em não se adaptar à irresponsabilidade de governadores e prefeitos que suspendem as medidas de isolamento?

As imagens das aglomerações na reabertura dos bares do Leblon são um exemplo claro do comportamento bárbaro que começa a se espalhar pelo país – e que recebe do presidente da República seu mais importante estímulo.