Massacre no Rio: Castro se nega a receber Moraes no Palácio Guanabara

Atualizado em 31 de outubro de 2025 às 13:07
governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, e o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. Foto: Reprodução

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), afirmou que não pretende receber o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no Palácio Guanabara. A visita do magistrado ao estado será para tratar de segurança pública após a Operação Contenção, que causou massacre nos complexos do Alemão e da Penha.

Segundo a coluna de Mônica Bergamo na Folha de S.Paulo, o encontro ocorrerá no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), sede das forças de segurança do estado. Castro argumentou que a reunião terá caráter técnico, não político.

O espaço escolhido abriga uma mesa central e dezenas de monitores que exibem imagens em tempo real da cidade. O ministro Alexandre de Moraes é o relator da ADPF das Favelas, ação do STF que busca reduzir a letalidade policial nas comunidades do Rio.

De acordo com o deputado federal Paulo Bilynskyj (PL-SP), presidente da Comissão de Segurança Pública da Câmara, Castro justificou a escolha do local afirmando que “a visita de Alexandre não é política, é técnica”. O governador pretende mostrar ao ministro vídeos da Operação Contenção, captados por drones, com cenas dos confrontos entre policiais e suspeitos armados no Complexo da Penha.

O deputado federal bolsonarista Paulo Bilynskyj (PL-SP). Foto: Pablo Valadares/Agência Câmara

Segundo o bolsonarista, as imagens mostram criminosos atirando contra os agentes e ferindo dois deles. “É uma filmagem muito forte, em que cinco ou seis policiais entram em fila na mata e se envolvem em tiroteio. Os dois primeiros são atingidos de cima para baixo e caem”, relatou o deputado. Não há registros, nas imagens exibidas, de suspeitos sendo atingidos pela polícia.

Durante a reunião com parlamentares, Castro e as autoridades fluminenses demonstraram “zero preocupação” com a visita de Moraes. “Eles estão seguros de que todas as regras da ADPF foram cumpridas”, afirmou Bilynskyj. O governo sustenta que a operação foi autorizada judicialmente e baseada em uma investigação de um ano.

O governador alegou que os 121 mortos na operação reagiram à presença policial. “Os que morreram não se entregaram, decidiram atacar os policiais”, disse Bilynskyj ao reproduzir a fala de Castro. A megaoperação, segundo o governo, cumpria 70 mandados de prisão e 180 de busca e apreensão contra o Comando Vermelho.

Durante a coletiva, o governo estadual informou ainda que cerca de 500 criminosos atuam armados no Complexo do Alemão e outros 900 na Penha. A operação resultou na apreensão de 91 fuzis, 26 pistolas e 14 artefatos explosivos, números apresentados por Castro como prova da “magnitude da ameaça enfrentada pelas forças de segurança”.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.