Masturbação coletiva na Unisa: o privilégio masculino desenhado. Por Nathalí

Atualizado em 19 de setembro de 2023 às 9:01
Alunos de medicina da Unisa fazendo masturbação coletiva

Um preconceito que sempre me vem – à minha revelia, é bom dizer – é contra médicos e estudantes de medicina.

Pra mim é profissão de playboy, elitizada e naturalmente pedante, porque, embora eu não me orgulhe do meu preconceito, os “mediciners” não se ajudam.

A maioria parece ter um rei na barriga e não é difícil perceber que muitos acreditam que sua profissão é mais importante que todas as outras.

E isso pouco importa, na verdade, diante de um problema bem maior: o que importa dizer é que faculdades de medicina, mesmo as públicas (que só são acessadas por pessoas cujos pais tiveram condições de investir em uma boa educação) são um festival de gente privilegiada – sobretudo homens – que passam dos limites porque acreditam-se autorizados a qualquer coisa, por mais bizarra que pareça.

Na Universidade de Santo Amaro (Unisa), de São Paulo, estudantes simularam masturbação coletiva durante uma partida de vôlei feminino.

Não se trata pura e simplesmente de falta de noção: esses estudantes sentiram-se no direito de desrespeitarem um time inteiro de mulheres, colocando-as no lugar de objetificação, lugar este que muito comumente é atribuído às mulheres por homens medíocres e terminantemente machistas.

O comportamento absurdo dos mais de 20 homens que aparecem correndo na quadra com calças abaixadas, encenando uma “Volta Olímpica”, enquanto tocam suas partes íntimas, foi filmado e viralizou.

Esses homens receberão um diploma e cuidarão de outros seres humanos enquanto desrespeitam mulheres com violência gratuita.

O mais absurdo nesse caso é a naturalidade com que se encara um crime tão intolerável: os estudantes veteranos afirmam que o ato de masturbação coletiva é uma “tradição” entre os calouros.

De fato: a tradição da nossa cultura é importunar e desrespeitar mulheres.

Os 20 homens deveriam ser enquadrados no art.215 do Código Penal por crime de importunação sexual, com pena de 1 a 5 anos de reclusão, mas, você sabe, estamos no Brasil.