“Mau caráter”: por que o MDB de Skaf nega apoio a Doria. Por José Cassio

Atualizado em 9 de outubro de 2018 às 23:51
João Doria Jr. – Fotos Publicas

Se entre os tucanos João Doria é taxado de “traidor”, por ter virado as costas para o padrinho Geraldo Alckmin, entre os adversários do MDB a fama é de “mau caráter”.

Essa foi a tônica dos discursos num almoço na sede da Fiesp nesta segunda-feira, em que o diretório paulista decidiu pelo apoio a Márcio França neste segundo turno da eleição para o governo do estado.

A decisão será anunciada formalmente nesta terça-feira, 10, pelo candidato derrotado no primeiro turno, Paulo Skaf, e por Baleia Rossi, o deputado federal mais votado pelo MDB no Estado.

Além de Skaf e Baleia Rossi, participaram do encontro Henrique Meirelles, que concorreu à presidência pelo partido, o ex-governador Luiz Antônio Fleury Filho, o candidato ao senado Marcelo Barbieri, os três estaduais eleitos pelo MDB, Caruso, Leo Oliveira e Itamar Borges e, entre outros, Beto Mansur, ex-prefeito de Santos e derrotado na tentativa de reeleição à câmara dos deputados.

O que pesou contra Doria foi ter atacado a família de Skaf na sua propaganda eleitoral – citou que o “Governo Temer liberou R4 14 milhões ao filho de Skaf”.

A peça, veiculada no rádio, fez referência a uma notícia sobre a liberação de R$ 14 milhões, via Lei Rouanet, por Michel Temer (MDB), a André Junqueira Pamplona Skaf, filho do candidato do MDB ao governo paulista.

O Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SP) deu direito de resposta ao emedebista, mas aí o estrago já estava feito.

Para piorar, e consolidar o perfil de “mau caráter”, segundo os correligionários de Paulo Skaf, Doria aproveitou um debate na TV para pedir desculpas alegando que não sabia que a peça publicitária estava sendo exibida.

Henrique Meirelles concordou com a decisão de apoio a Márcio França e foi além. Disse que a continuidade do PSDB no estado não é boa e criticou o estilo centralizador e marqueteiro do gestor.

Com o MDB, Skaf espera trazer para Márcio França um eleitor de centro direita e atenuar as críticas de Doria de que o governador em exercício tem vocação para o “comunismo”.

O MDB tem 83 prefeitos no estado e a maioria absoluta entende que a decisão por Márcio França é a mais adequada.

Entre os aliados de Doria que também estão com o governador em exercício dois se destacam pelo apoio formal: Paulo Alexandre Barbosa, do PSDB de Santos, e José Crespo, do DEM de Sorocaba.

Por sua forte ligação com Geraldo Alckmin, o comentário é de que o tucano Duarte Nogueira, prefeito de Ribeirão Preto, também está prestes a desembarcar da candidatura de Doria.

“O cerco está se fechando, mas todo cuidado é pouco nesta reta final”, alertou Skaf.

Também foi decidido que a seção São Paulo vai defender na Executiva Nacional, presidida pelo senador Romero Jucá (RR), a liberação dos filiados no segundo turno da eleição nacional entre Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL).

Cem por cento dos presentes no almoço desta segunda defendem Bolsonaro, mas há resistência ao capitão da reserva no estados do Nordeste, onde líderes como Renan Calheiros preferem Fernando Haddad.