Mauro Cid movimentou quase R$ 7 milhões nos últimos meses do governo Bolsonaro. Por Miguel do Rosário

Atualizado em 15 de agosto de 2023 às 7:30
Tenente-coronel Mauro Cid. (Foto: Reprodução)

Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro, não estava para brincadeiras. De janeiro de 2022 a maio de 2023, ele movimentou quase R$ 7 milhões em suas contas, ou mais precisamente R$ 6,72 milhões, de 1 de janeiro de 2022 a 6 de maio de 2023.

As informações constam em Relatório de Inteligência Financeira (RIF), documento do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), obtido com exclusividade para o Cafezinho.

O COAF investigou três períodos. O primeiro de 1 de janeiro a 25 de julho de 2022, quando Cid movimentou R$ 2,96 milhões. O segundo período vai de 26 de julho até 25 de janeiro de 2023, onde foram identificadas movimentações da ordem de R$ 3,25 milhões. Por fim, a COAF examinou um terceiro período, de 26 de janeiro a 6 de maio de 2023, momento em que o tenente-coronel movimentou R$ 501,4 mil. Somados, os valores chegam aos quase 7 milhões de reais.

Tivemos acesso a um RIF que traz suspeitas de crimes financeiros envolvendo vários personagens ligados a Mauro Cid e às investigações da PF e da CPMI. Eis os principais:

Osmar Crivelatti, primeito-tenente do Exército. Crivelatti está sendo investigado pela Polícia Federal, depois que se descobriu que ele foi designado pelo tenente-coronel Cid para coletar um relógio da marca Chopard que foi a leilão, sem êxito, em Nova York. Fazia parte da equipe nomeada por Bolsonaro após sua saída da presidência. Crivelatti movimentou R$ 242 mil em 7 meses (janeiro a julho de 2022).

Osmar Crivelatti. (Foto: Reprodução)

Luis Marcos dos Reis, segundo-sargento Exército, braço direito de Mauro Cid na Ajudância de Ordens da Presidência da República durante a maior parte do governo Bolsonaro. Nos últimos meses da gestão Bolsonaro, foi transferido para o ministério do Turismo. Reis movimentou R$ 3,34 milhões de fevereiro de 2022 a maio de 2023. O COAF considera a movimentação incompatível com a sua renda, que era de R$ 13 mil/mês como militar, mais R$ 10 mil como servidor público federal. Reis é suspeita de ter sido um dos operadores das fraudes em cartões de vacina, sempre à mando de Mauro Cid.

Mauro Cid, tenente-coronel do Exército, e ex-ajudante de Ordens da Presidência da República. Cid era o chefe dos jagunços, camelôs e muambeiros de Bolsonaro. O faz-tudo do crime. Cid organiza a distribuição de rachadinhas para a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, faz depósitos nas contas de amigas e parentes de Michelle (temos documentos disso tudo). Foi o chefe do esquema de fraude de vacinas. Era o diretor da organização criminosa especializada em vender joias e objetos de luxo recebidos pelo presidente Jair Bolsonaro, presentes de governos e que deviam portanto ser incorporados ao patrimônio público.

Há conversas registradas em que Mauro Cid pede a seu pai, o general Cid (que ele envolveu nos crimes), que repasse 25 mil dólares, parte de uma venda, ao presidente Jair Bolsonaro. Esse documento reforça a suspeita da PF de que o chefe e beneficiário principal da quadrilha era o próprio Jair Bolsonaro. Cid fugiu para Miami junto com Bolsonaro, levando joias pertencentes ao povo brasileiro. Em seus emails, encontra-se os certificados de autenticidade das joias e pedidos de remessa de dinheiro ao exterior.

Originalmente publicado em O Cafézinho

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