O presidente Lula se reuniu nesta sexta-feira (17) com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, no Palácio da Alvorada, para discutir os desdobramentos do encontro entre o chanceler brasileiro e o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, realizado na quinta-feira (16) em Washington.
O assessor especial da Presidência, Celso Amorim, também participou da conversa, que se estendeu durante a tarde. De acordo com fontes do governo, Vieira apresentou a Lula um relatório detalhado sobre a reunião com Rubio e o representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer, que durou pouco mais de uma hora.
O encontro foi considerado “positivo” pelos dois lados e marcou a reabertura do diálogo direto entre Brasília e Washington após meses de tensão provocados pelas tarifas impostas pelo governo de Donald Trump a produtos brasileiros.
Em nota conjunta, Rubio descreveu a conversa como “muito produtiva” e afirmou ter estabelecido com Vieira um canal direto de comunicação. A medida segue o modelo adotado pelos dois presidentes, que mantiveram contato telefônico no último dia 6. Na ocasião, Trump designou ele como principal interlocutor nas negociações sobre as tarifas de 50% aplicadas a exportações brasileiras.
Em coletiva concedida após o encontro, Mauro Vieira afirmou que a conversa teve “uma atitude construtiva” e marcou o início de “um processo auspicioso” para reverter o chamado tarifaço. Segundo ele, a reunião contou com um momento reservado, de cerca de 20 minutos, seguido de um debate ampliado com equipes técnicas dos dois países.
As discussões se concentraram em temas comerciais, como o cronograma de negociações, a revisão das tarifas e o possível levantamento de sanções a autoridades brasileiras, entre elas ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). O governo brasileiro avaliou o resultado como melhor do que o esperado, interpretando o diálogo como um sinal de reaproximação diplomática.
Uma nova reunião técnica entre negociadores brasileiros e representantes dos EUA será agendada nos próximos dias, em formato virtual. Segundo interlocutores do Palácio do Planalto, Lula acredita que o componente político deixará de ser o fator dominante e que as tratativas ganharão um caráter mais técnico e pragmático.
Nos bastidores, o governo considera que o encontro com Rubio consolida o primeiro avanço concreto desde a crise iniciada em julho, quando Trump impôs tarifas a produtos brasileiros, alegando “práticas desleais de comércio” e perseguição ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
A reaproximação começou nos bastidores da Assembleia-Geral da ONU, em setembro, e foi reforçada pela conversa telefônica entre Lula e Trump. Segundo o governo brasileiro, o presidente petista pediu a revisão das tarifas e o fim das sanções contra integrantes de seu governo. Trump, por sua vez, elogiou Lula e disse planejar uma visita oficial ao Brasil em breve para discutir novos acordos comerciais.