PUBLICADO NA PÁGINA DO FACEBOOK DO COLETIVO DEMOCRACIA CORINTHIANA
TORCEDOR CONTA COMO FOI REPRESSÃO BRUTAL SOFRIDA NA ARENA CORINTHIANS
Pela equipe de comunicação do Coletivo Democracia Corinthiana
Quem é o Rogério Lemes?
Sou trabalhador e sou corinthiano de coração. Vendo portas e janelas no bairro do Brás, na Zona Leste.
O que ocorreu neste domingo, 4 de Agosto, na Arena Corinthians?
Entrei no estádio e logo depois gritei algumas palavras contra Bolsonaro, um cidadão que ofende a nossa democracia. Quase imediatamente, fui surpreendido por trás, com um mata-leão, dado por um policial militar.
Você reagiu?
Não, foi tão forte que me faltou ar e eu desfaleci, caindo no chão. Veio outro policial e me algemou, machucando meus pulsos. No total, creio que quatro participaram da repressão.
Você tentou fugir ou fez algo que justifique a violência?
Não, nada fiz. Tenho uma prótese de fêmur na perna esquerda e minha locomoção é muito limitada. Nem que eu quisesse poderia oferecer resistência.
O que mais fizeram?
Um policial, na maldade, torceu meu dedo médio da mão esquerda. Está doendo muito até agora.
E para onde o levaram?
Para uma sala sem água, quase sem nada e me jogaram no chão. Eu não podia me levantar por causa da limitação física. Com fortes dores, pedi ajuda, mas responderam com mais ofensas.
O que diziam?
Durante 40 minutos, fiquei lá. Entravam policiais e gritavam coisas do tipo: “e aí, você não é valentão, quem mandou xingar o nosso presidente?” Foram vários que entraram e gritaram frases para me intimidar.
E o que sentiu?
Senti que eles eram movidos por muito ódio, agressividade e maldade. Enfim, quem apoia esse cara, acaba reproduzindo o jeito dele.
E ficou lá por quanto tempo?
Acho que foi até o intervalo, porque naquela hora chegou um suposto investigador e falou para outro cara: “acabou o primeiro tempo e estamos perdendo”. Fui levado até a sala da delegacia do estádio e me colocaram diante de uma delegada. Perguntei que crime eu tinha cometido. Ela disse que nenhum crime, mas que aquele era o procedimento padrão adotado contra quem se manifestasse.
E nesse tempo todo, o que mais ocorreu?
Tomaram o meu relógio e também o meu celular, que só devolveram depois.
E quando te liberaram?
Só me liberaram faltando dez minutos para o fim do jogo. Vi cinco minutos da partida, mas já sem cabeça para isso. É um terror psicológico muito grande, muita maldade. Eu pedia ajuda por causa da perna e eles diziam: “foda-se”.
Você pensar em pedir uma reparação na Justiça?
Quase não dormi na noite de domingo para segunda. Muito terror psicológico, muita indignação. Estou com medo e temo represálias. Porque isso tudo é a falência do Estado. Acho que não tenho como recorrer, porque sou um simples cidadão, e eles têm todo o poder.