Média diária de internações por covid-19 volta a subir após Doria afrouxar quarentena

Atualizado em 30 de abril de 2021 às 16:36

Da Rede Brasil Atual

Por Rodrigo Gomes:

Menos de duas semanas após o governador João Doria (PSDB) afrouxar drasticamente a quarentena em São Paulo e liberar o funcionamento de todo o comércio e dos serviços, a média diária de internações por covid-19 voltou a subir. Apenas ontem (29), foram 2.466 novas internações por covid-19, o maior número em duas semanas. E a média diária está em 2.240, encerrando um período de 32 dias de queda. O total de pacientes internados também parou de cair e estagnou na casa de 22 mil há mais de uma semana. Os dados são do Sistema de Monitoramento Inteligente (Simi) do governo paulista.

A média diária de internações chegou a 3.399, maior número de toda a pandemia, em 25 de março. Desde então, iniciou uma trajetória de queda, em meio às medidas restritivas das fases vermelha e emergencial da quarentena. No entanto, pressionado por empresários que dizem não aceitar mais as medidas de combate à covid-19, Doria afrouxou drasticamente a quarentena, criando uma fase de transição entre as fases vermelha e laranja. Na prática, a fase de transição libera a abertura de todo o comércio e os serviços, além de academias, clubes, teatros e cinemas, sendo mais branda que a fase amarela.

A fase de transição contradiz todo o discurso de Doria de que segue a ciência. E anula as regras do Plano São Paulo. A reabertura geral se deu mesmo com mais de 80% de ocupação das unidades de terapia intensiva (UTI) e uma situação descontrolada de aumento de casos, internações e mortes por covid-19. Condições que deviam manter o estado em fase vermelha. Em apenas quatro meses de 2021, São Paulo teve mais mortes por covid-19 que todo o ano de 2020. Abril, que se encerra hoje, já é o mês com mais mortes de toda a pandemia.

Curva de internações mostra impactos das medidas de controle e de afrouxar a quarentena

A retomada da curva ascendente na média diária de internações se dá em uma situação ainda muito grave da pandemia de covid-19. A média registrada hoje só não é maior do que as registradas em março deste ano. A média diária de novos casos também está muito acima do pico de 2020, abaixo apenas do mesmo mês de março deste ano, com quase 13.500 novos casos por dia. A média de mortes por covid-19, que chegou a cair 21% na semana passada, hoje registra aumento de 10% em sete dias.

O número de pacientes internados com covid-19 também mostra que a situação é grave. Após ultrapassar a marca de 31 mil pacientes internados, em 3 de abril, o número começou a cair. Mas estagnou há mais de uma semana na casa dos 22 mil, registrando oscilações diárias para cima e para baixo. No dia 23 de abril, eram 22.812 pessoas internadas. Na última segunda-feira, chegou a 22.039. Mas na quarta subiu para 22.174 e hoje está em 22.155. Destes, 10.371 estão em UTI e 11.784 em enfermaria.

Outro ponto de alerta foi a determinação do secretário Municipal da Saúde da capital paulista, Edson Aparecido, de antecipar compras de sedativos e bloqueadores musculares do chamado ‘kit intubação’, para se antecipar a uma provável terceira onda que deve explodir ainda em maio. No próximo final de semana é celebrado o dia das mães e eventuais encontros familiares podem contribuir para um aumento significativo dos casos de covid-19.

Das 17 regiões do estado, cinco ainda têm mais de 90% de ocupação de UTIs para pacientes com covid-19: Araraquara, Bauru, Ribeirão Preto, Marília e Presidente Prudente. Outras oito regiões estão com mais de 80% de ocupação: Araçatuba, Barretos, Franca, Registro, São João da Boa Vista, São José do Rio Preto, Sorocaba e Taubaté.

Apenas quatro regiões tiveram uma maior redução nas internações e chegaram a menos de 80% na ocupação de UTI: Baixada Santista, Grande São Paulo, Campinas e Piracicaba. Mas todas mantêm altos índices de novos casos, internações e mortes.