Médico negacionista denunciado na CPI é alvo de buscas da PF

Atualizado em 25 de agosto de 2022 às 16:26
Flávio Cadegiani
Foto: Reprodução

O médico Flávio Cadegiani, que foi denunciado pela CPI da Covid por cometer crime contra a humanidade, foi alvo de busca e apreensão pela Polícia Federal nesta quinta-feira (25).

Cadegiani é um dos responsáveis pelo experimento com o medicamento proxalutamida, realizado em hospitais no Amazonas e no Rio Grande do Sul em pacientes com Covid-19.

O remédio não tem evidência de eficácia no tratamento da Covid e teria sido usado sem autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para importação e sem consentimento da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep).

Testada no tratamento de câncer, a proxalutamida é um medicamento que bloqueia a ação de hormônios masculinos. A substância não é acessível em farmácias e não foi aprovada em nenhum país.

Cadegiani usou as redes sociais para reclamar da operação. “DITADURA? Hoje a PF fez busca e apreensão na minha casa e clínica. Estou muito tranquilo porque não há absolutamente nada de errado, e se forem sérios ainda pedirão desculpas. PORÉM, o procurador NÃO ME DEIXOU nem o que pesquiso em relação às demais pesquisas, com prazo curto”, disse no Twitter.

A Polícia Federal cumpriu quatro mandados de busca e apreensão em Porto Alegre e em Brasília, no Distrito Federal, contra pessoas envolvidas nos testes com proxalutamida em pacientes com Covid-19.

A ação foi a pedido do Ministério Público Federal (MPF) e apura crimes de contrabando, falsidade ideológica e distribuição e entrega de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais a consumo, sem o registro no órgão de vigilância sanitária.

O MPF ingressou na quarta-feira (24) com duas ações civis públicas contra os responsáveis pelos testes. Os nomes dos suspeitos não foram divulgados.

Cadegiani, porém, revelou que é um dos alvos da operação. “Tudo por causa da proxalutamida. O que é mais chocante? Usando MENTIRAS COMPROVADAMENTE desmentidas pelos próprios órgãos. Muita coincidência ser exatamente no brevíssimo período eleitoral. Trata-se de uma censura por salvar vidas (fato incontestável!)? (Não há outro argumento)”, disse o médico.

As duas ações que MPF ingressou tratam dos testes realizados no Hospital da Brigada Militar (BM), em que são responsabilizados a União, dois pesquisadores, o estado do Rio Grande do Sul e dos testes realizados no Hospital Arcanjo São Miguel, de Gramado, na Serra do Rio Grande do Sul, em que são responsabilizados o município, dois funcionários do hospital, além dos mesmos dois pesquisadores e a União.

Caso sejam condenados, os réus podem ter que pagar multa de, no mínimo, R$ 10 milhões em cada uma das ações.

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