O DCM recebeu o relato de uma leitora cujo irmão bolsonarista tomou cloroquina e ivermectina no tratamento contra a covid-19.
Ela afirma que seu irmão chegou ao hospital particular Antônio Prudente, em Fortaleza, com sintomas da doença e que, mesmo sem um teste para confirmar se era mesmo coronavírus, o médico já receitou a ele os remédios do chamado kit covid.
Prescrita pelo Dr. Eurico Mendonça, a receita recomenda a compra de 400mg de hidroxicloroquina, 6mg de ivermectina, 20mg de prednisona, 8mg de bromexina e 1g de dipirona.
Nenhum destes medicamentos tem eficácia comprovada no tratamento do vírus.
Enquanto isso, no SUS…
A mãe da leitora, por outro lado, recebeu a vacina contra covid-19 antes da data marcada.
Na primeira dose, sua mãe foi avisada por uma mensagem de WhatsApp informando a data e o local em que seria imunizada, e tudo ocorreu conforme o combinado.
Já na segunda, ela foi vacinada com três dias de antecedência e recebeu uma ligação avisando que a prefeitura iria até a casa dela.
Enquanto o SUS permite que pessoas sejam vacinadas em casa e com antecedência, na rede privada médicos receitam antibióticos cujo uso contra o coronavírus foi desaconselhado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e pelas próprias fabricantes dos produtos.
O ‘kit covid’ já levou cinco pacientes à fila do transplante de fígado em São Paulo e está sendo apontado como causa de ao menos três mortes por hepatite causada por remédios.
Em 2020, o grupo “Coalizão Covid-19 Brasil” acompanhou o tratamento de 667 casos leves ou moderados em 55 hospitais no país com cloroquina, o mais receitado do kit.
Segundo a pesquisa, o medicamento não promoveu melhoria na evolução dos pacientes e resultou em dois efeitos adversos que pioraram suas condições: alterações em exames de eletrocardiograma e alteração de exames que podem representar lesão hepática.
Leia abaixo o relato:
Quando iniciou a vacinação para pessoas da idade de minha mãe, fomos avisadas justamente por uma mensagem no WhatsApp convocando-a para tomar a primeira dose. Constava o local e a hora e, chegando lá, o nome dela estava em uma lista.
Saímos com um cartão já com a data de retorno para 20 dias.
Porém com 17 dias ela recebeu uma ligação avisando que estavam se dirigindo à casa dela para aplicar a segunda dose.
Fiquei até com receio de ser algum golpe e corri para lá. Realmente chegaram com o carro da prefeitura, chequei os crachás e a lista onde constava o nome dela. Carimbaram o cartão certinho e acompanhei a vacinação.
Em contrapartida, meu irmão foi hoje a um hospital particular daqui de Fortaleza com claros sinais de covid.
Sem teste para confirmar, o médico já passou a tal cloroquina e a ivermectina.
Anexei a receita ao e-mail, porém rasurei o nome do meu irmão porque ele é bolsonarista e não autorizaria mostrar.
Obs.: não sei dizer se ele exigiu ou se o médico passou por conta própria.